No sertão de Pernambuco, "seu" Severino Soares cava¬va um poço. Incansavelmente trabalhava ali. Cuidava com religiosidade de seus afazeres, mas não faltava à reunião na igreja:'Cultos aos domingos, Escola Dominical, reuniões de oração, evangelismo... No entanto, todo o tempo dis¬ponível empregava em cavar seu poço na baixada, próximo de sua casa. O viajante que passasse pela estrada perceberia o monte de terra do lado de fora do buraco aumentando dia a dia.
Na igreja, ou entre amigos, o conselho era um só:
- Descansa "seu" Severino. Ninguém tira água desse sertão. O senhor vai morrer cavando poço e a água não aparece.
Um dia "seu" Severino deu com um veio de água que o encharcou e o obrigou a pendurar-se depressa numa corda pendente. A alegria tomou conta de "seu" Severino. O poço satisfazia, não somente a ele e sua família, mas a to¬dos os seus vizinhos.
Por ocasião de um esforço evangelístico de sua igreja, o pastor insistia com os crentes para convidarem pessoas.
- Os irmãos precisam ser persistentes - dizia.
Mas como acontece sempre, alguns manifestavam de¬sânimo quanto aos convites.
- Os irmãos precisam ser persistentes, - tornava o pas¬tor. - Insistam! Persistam! Convidem!
Em conversa, depois do culto veio à baila a palavra persistência. O irmão Severino Soares estava presente. Perguntaram - lhe:
- O que é persistência, irmão Severino?
- Persistência? - respondeu ele. - Persistência é cavar poço!...
"Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador, espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva têmpora e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima" (Tg 5.7,8).
Alcides Conejeiro, 1921 - Ilustrações selecionadas. Rio de Janeiro, CPAD, 1985.
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