sábado, 31 de outubro de 2015

TULIP – OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO



TULIP – Acróstico formado pelas iniciais, em inglês, das cinco doutrinas reformadas da salvação, conhecidas também como as Doutrinas da Graça de Deus.

* Total Depravity – Depravação Total
* Unconditional Election – Eleição Incondicional
* Limited Atonement – Expiação Limitada
* Irresistible Grace – Graça Irresistível
* Perseverance of the Saints – Perseverança dos Santos



DEPRAVAÇÃO TOTAL (Total Depravity)
A Bíblia diz que Deus criou o primeiro homem, Adão, à Sua imagem e semelhança. Deus fez um pacto com esse homem a fim de que, através da obediência aos Seus mandamentos, este pudesse obter vida. Contudo, o homem falhou desobedecendo a Deus deliberadamente, fazendo uso do seu livre-arbítrio, rebelando-se contra o seu Criador. Este pecado inicial de desobediência (conhecido como a “queda do homem”) resultou em morte espiritual e ruptura na ligação de sua alma com Deus, o que mais tarde trouxe também sua morte física. Sendo Adão o representante de toda a raça humana, todos nós caímos com ele e fomos afetados pela mesma corrupção do pecado. Tornamo-nos objetos da justa ira de Deus e a morte passou a todos os homens.

Toda a humanidade herdou a culpa do pecado de Adão e por isso todos nascemos totalmente depravados e espiritualmente mortos. A morte espiritual não quer dizer que o espírito humano esteja inativo, mas sim que o homem é culpado (tem um passado manchado) e corrupto (possui uma natureza má). A Depravação Total não quer dizer que os homens são intensivamente maus (que somos tão maus quanto poderíamos ser), mas sim que somos extensivamente maus (todo o nosso ser, intelecto, emoções e vontade estão corrompidos pelo pecado).

A Depravação Total também significa que o homem possui uma inabilidade total para restaurar o relacionamento com seu Criador. Por causa da depravação, o homem natural, por si mesmo, é totalmente incapaz de crer verdadeiramente em Deus. O pecador está morto, cego e surdo para as coisas espirituais. Desde a queda o homem perdeu o seu livre-arbítrio e passou a ser escravo de sua natureza corrompida e por isso ele é incapaz de escolher o bem em questões espirituais. Todas as falsas religiões são tentativas do homem de construir para si um “deus” que lhe seja propício. Porém, todas essas tentativas erram o alvo, pois o homem natural por si mesmo não quer buscar o verdadeiro Deus.

Devido ao estado de depravação do homem, se Deus não tomasse a iniciativa de salvá-lo, ele continuaria morto eternamente. O homem natural sem o conhecimento de Deus jamais chegará a este conhecimento se Deus não ressuscitá-lo espiritualmente através de Jesus Cristo.

Referências bíblicas: Gn 2:17; 6:5; 8:21; 1 Rs 8:46; Sl 51:5; 58:3; Ec 7:20; Is 64:6; Jr 4:22; 9:5-6; 13:23; 17:9; Jo 3:3,19,36; 5:42; 8:43-44; 14:4; Rm 3:10-11; 5:12; 7:18,23; 8:7; 1 Co 2:14; 2 Co 4:4; Ef 2:3; 4:18; 2 Tm 2:25-26; 3:2-4; Tt 1:15.

ELEIÇÃO INCONDICIONAL (Unconditional Election)
Devido ao pecado de Adão, seus descendentes entram no mundo como pecadores culpados e perdidos. Como criaturas caídas, elas não têm desejo de ter comunhão com o seu Criador. Deus é santo, justo e bom, ao passo que os homens são pecaminosos, perversos e corruptos. Deixados à sua própria escolha, os homens inevitavelmente seguem seu coração corrupto e criam ídolos para si. Conseqüentemente, os homens têm se desligado do Senhor dos Céus e têm perdido todos os direitos de Seu amor e favor. Teria sido perfeitamente justo para Deus ter deixado todos os homens em seus pecados e miséria e não ter demonstrado misericórdia a quem quer que seja. É neste contexto que a Bíblia apresenta a eleição.

A Eleição Incondicional significa que Deus, antes da fundação do mundo, escolheu certos indivíduos dentre todos os membros decaídos da raça humana e os predestinou para serem o objeto de Seu imerecido amor e para trazê-los ao conhecimento de Si mesmo. Esses, e somente esses, Deus propôs salvar da condenação eterna. Deus poderia ter escolhido salvar todos os homens (pois Ele tem o poder e a autoridade para fazer isso), ou Ele poderia ter escolhido não salvar ninguém (pois Ele não tem a obrigação de mostrar misericórdia a quem quer que seja), porém não fez uma coisa nem outra. Ao invés disso, Ele escolheu salvar alguns e excluir (preterir) outros. Sua eterna escolha de determinados pecadores para a salvação não foi baseada em qualquer ato ou resposta prevista da parte daqueles escolhidos, mas foi baseada tão somente no Seu beneplácito e na Sua soberana vontade. Desta forma, a eleição não foi condicionada nem determinada por qualquer coisa que os homens iriam fazer, mas resultou inteiramente do propósito determinado pelo próprio Deus.
Os que não foram escolhidos foram preteridos e deixados às suas próprias inclinações e escolhas más para serem punidos pelos seus pecados. Não cabe à criatura questionar a justiça do Criador por não escolher todos para a salvação. Deve-se ter em mente que, se Deus não tivesse graciosamente escolhido um povo para Si mesmo e soberanamente determinado prover-lhe e aplicar-lhe a salvação, ninguém seria salvo.

Referências bíblicas: Dt 4:37; 7:7-8; Pv 16:4; Mt 11:25; 20:15-16; 22:14; Mc 4:11-12; Jo 6:37,65; 12:39-40; 15:16; At 5:31; 13:48; 22:14-15; Rm 2:4; 8:29-30; 9:11-12, 22-23; 11:5,8-10; Ef 1:4-5; 2:9-10; 1 Ts 1:4; 5:9; 2 Ts 2:11-12; 3:2; 2 Tm 2:10,19; Tt 1:1; 1 Pe 2:8; 2 Pe 2:12; 1 Jo 4:19; Jd 1:3-4; Ap 13:8; 17:17; 20:11-21:8.

EXPIAÇÃO LIMITADA (Limited Atonement)
Embora Deus tenha resolvido salvar da condenação um certo número de homens, Sua santidade e justiça exigem que o pecado seja punido. Como os escolhidos de Deus são pecadores, uma expiação completa e perfeita era necessária. Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, suportou o castigo merecido pelos pecadores e obteve a Salvação para os Seus eleitos.

A eleição em si não salvou ninguém; apenas destacou alguns pecadores para a salvação. Os que foram escolhidos por Deus Pai e dados ao Filho precisavam ser redimidos para serem salvos. Para assegurar sua redenção, Jesus Cristo veio ao mundo e tomou sobre Si a natureza humana para que pudesse identificar-se com os Seus eleitos e agir como seu representante ou substituto. Cristo, agindo em lugar do Seu povo, guardou perfeitamente a Lei de Deus e dessa forma produziu uma justiça perfeita a qual é imputada aos eleitos ou creditada a eles no momento em que são trazidos à fé nEle. Através do que Cristo fez, esse povo é constituído justo diante de Deus. Os eleitos são libertos da culpa e condenação, como resultado do que Cristo sofreu por eles. Através do Seu sacrifício substitutivo, Jesus sofreu a penalidade dos pecados dos eleitos e assim removeu a culpa deles para sempre. Por conseguinte, quando Seu povo é unido a Ele pela fé, é-lhe creditada perfeita justiça pela qual ficam livres da culpa e condenação do pecado. São salvos não pelo que fizeram ou irão fazer, mas tão somente pela fé na obra redentora de Cristo.

A obra redentora de Cristo foi definida em desígnio e realização. Foi planejada para render completa satisfação em favor de certos pecadores específicos e, de fato, assegurou a salvação para esses indivíduos e para ninguém mais. A salvação que Cristo adquiriu para o Seu povo inclui tudo que está envolvido no processo de trazê-los a um correto relacionamento com Deus, incluindo os dons da fé e do arrependimento. Deus não deixou aos pecadores a decisão se a obra de Cristo será ou não efetiva. Pelo contrário, todos aqueles por quem Cristo morreu serão infalivelmente salvos. A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da eleição.

Referências bíblicas: 1 Sm 3:14; Is 53:11-12; Mt 1:21; 20:28; 26:28; Jo 10:14-15; 11:50-53; 15:13; 17:6,9-10; At 20:28; Rm 5:15; Ef 5:25; Tt 3:5; Hb 9:28; Ap 5:9.

GRAÇA IRRESISTÍVEL (Irresistible Grace)
Cada membro da Trindade divina – Pai, Filho e Espírito Santo – participa e contribui para a salvação dos pecadores eleitos. Deus Pai, antes da fundação do mundo, selecionou aqueles que iriam ser salvos e deu-os ao Filho para serem o Seu povo. Na época oportuna o Filho veio ao mundo e assegurou a redenção desse povo. Mas esses dois grandes atos – a eleição e a redenção – não completam a obra da salvação, pois está incluída no plano divino para a recuperação do pecador perdido a obra renovadora do Espírito Santo, pela qual os benefícios da obediência e da morte de Cristo são aplicados ao eleito. A Graça Irresistível ou Eficaz significa que o Espírito Santo nunca falha em trazer à salvação aqueles pecadores que Ele pessoalmente chama a Cristo. Deus aplica inevitavelmente a salvação a todo pecador que tencionou salvar, e é Sua intenção salvar todos os eleitos.

O apelo do Evangelho estende uma chamada à salvação a todo que ouve a mensagem. Ele convida a todos os homens, sem distinção, a beber da água da vida e viver. Ele promete salvação a todo que se arrepender e crer. Mas essa chamada geral externa, estendida igualmente ao eleito e ao não eleito, não trará pecadores a Cristo. Por que? Porque os homens estão, por natureza, mortos em pecado e debaixo de seu poder. Eles são, por si mesmos, incapazes de abandonar os seus maus caminhos e se voltarem a Cristo, para receber misericórdia. Nem podem e nem querem fazer isso. Conseqüentemente, o não regenerado não vai responder à chamada do Evangelho para arrepender-se e crer. Nenhuma quantidade de ameaças ou promessas externas fará um pecador cego, surdo, morto e rebelde se curvar perante Cristo como Senhor, e olhar somente para Ele para a salvação. Tal ato de fé e submissão é contrário à natureza do homem.

Por isso, o Espírito Santo, para trazer o eleito de Deus à salvação, estende-lhe uma chamada especial, interna, em adição à chamada externa contida na mensagem do Evangelho. Através dessa chamada especial, o Espírito Santo realiza uma obra de graça no pecador que inevitavelmente o traz à fé em Cristo. A mudança interna operada no pecador eleito o capacita a entender e crer na verdade espiritual.

No campo espiritual, são lhe dados olhos para ver e ouvidos para ouvir. O Espírito Santo cria no pecador eleito um novo coração e uma nova natureza. Isto é realizado através da regeneração (novo nascimento), pela qual o pecador é feito filho de Deus e recebe a vida espiritual. Sua vontade é renovada através desse processo, de forma que o pecador vem espontaneamente a Cristo por sua própria e livre escolha.

Referências bíblicas: Jr 24:7; 31:3; Ez 11:19-20; 36:26-27; Mt 16:17; Jo 1:12-13; 5:21; 6:37,44-45; At 16:14; 18:27; Rm 8:30; 1 Co 4:7; 2 Co 5:17; Gl 1:15; Ef 1:19-20; Cl 2:13; 2 Tm 1:9; Hb 9:15; 1 Pe 2:9; 5:10.

PERSEVERANÇA DOS SANTOS (Perseverance of the Saints)
Os eleitos não são apenas redimidos por Cristo e regenerados pelo Espírito; eles são mantidos na fé pelo infinito poder de Deus. Todos os que são unidos espiritualmente a Cristo, através da regeneração, estão eternamente seguros nEle. Nada os pode separar do eterno e imutável amor de Deus. Foram predestinados para a glória eterna e estão, portanto, assegurados para o Céu. A perseverança dos santos não significa que todas as pessoas que professam a Fé Cristã estão garantidas para o Céu. Somente os santos – os que são separados pelo Espírito – é que perseverarão até o fim. São os crentes – aqueles que recebem a verdadeira e viva fé em Cristo – os que estão seguros e salvos nEle. Muitos que professam a fé cristã desistem no meio do caminho, mas eles não desistem da graça, pois nunca estiveram na graça. A perseverança dos santos está diretamente ligada à santificação, que é o processo pelo qual o Espírito Santo torna os eleitos cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo em tudo o que fazem, pensam e desejam. A luta dos crentes contra o pecado dura toda a vida e, às vezes, eles podem cair em tentações e cometer graves pecados, mas esses pecados não os levam a perder a salvação ou a afastar-se de Cristo. A Bíblia diz que o povo de Deus recebe a vida eterna no momento em que crê. São guardados pelo poder de Deus mediante a fé e nada os pode separar do Seu amor. Foram selados com o Espírito Santo que lhes foi dado como garantia de sua salvação e, desta forma, estão assegurados para uma herança eterna.

Referências bíblicas: Is 54:10; Jr 32:40; Mt 18:14; Jo 6:39-40,51; 10:27-30; Rm 5:8-10; 8:28-39; 11:29; Gl 2:20; Ef 4:30; Fp 1:6; Cl 2:14; 2 Ts 3:3; 2 Tm 2:13,19; Hb 7:25; 10:14; 1 Pe 1:5; 1 Jo 5:18; Ap 17:14.


Fonte: site Eleitos de Deus (www.eleitosdeDeus.org).

SOLI DEO GLORIA!!


!

João Calvino e a Ação Missionária


   
Na primeira parte deste artigo falamos a respeito da contribuição de João Calvino para a reflexão teológica sobre a missão de Deus e a missão da igreja. Concluímos que ele poderia ser considerado o “pai da teologia de missão protestante”. Diante desta contribuição, não nos surpreendemos que além do seu empenho acadêmico e literário, João Calvino também teve uma ação missionária de grande impacto. Vejamos mais.

1. O missionário. Aos vinte e sete anos de idade, o próprio Calvino saiu do seu país nativo, a França, e foi como missionário para Genebra, na Suíça.

2. A escola missionária. A partir de 1542, protestantes de toda a Europa refugiaram-se em Genebra e nos treze anos seguintes a população da cidade duplicou. Aos poucos, Genebra se tornou não só um centro de refúgio como também um centro de preparo missionário. João Knox, mais tarde, disse que esta era “a mais perfeita escola de Cristo que jamais houve na terra desde a época dos apóstolos”. Lá, Calvino ensinava a teologia reformada, a evangelização e a plantação de igrejas e enviava os alunos para toda a Europa.

“Por meio da ida e vinda destes refugiados, e por meio dos escritos evangélicos da imprensa de Genebra, e tudo em latim, francês, inglês e holandês, a fé  reformada foi exportada vastamente, mesmo para a Polônia e a Hungria. Por correspondência, Calvino encorajou, guiou e dialogou com essa diáspora de cristãos evangélicos que testemunhavam sob perseguição”.1

3. O envio missionário. Em Genebra, Calvino estabeleceu uma escola para abrigar refugiados protestantes de toda a Europa. Por exemplo, em 1561, enviou mais que 140 como missionários para a França, o norte da Itália, a Holanda, a Escócia, a Inglaterra e até a Polônia. Além destes, Calvino enviou os primeiros dois missionários protestantes na história para um outro continente. Ele os enviou em 1566 para o Brasil, mais que 233 anos antes do envio missionário de William Carey, tido como “pai das missões modernas”.

Qual foi o impacto deste esforço? Consideremos a França, país onde Calvino começou a enviar missionários em 1553. Dois anos depois, em 1555, cinco igrejas reformadas foram estabelecidas. Mais quatro anos depois, já eram quase mil e em 1562 havia 2150 igrejas com uma membresia total de três milhões, 17% de toda a população da França!2 Tudo isto pelo esforço de pouco mais de 140 missionários, enviados por Calvino de uma cidade de 20 mil habitantes em período tão curto. Foi um projeto monumental!

Mas o impacto dos missionários de Genebra não se limitava à França. O movimento se espalhou muito mais do que isto, passando a ter grande influência também na Holanda, na Inglaterra, na Escócia, na Alemanha, na Polônia e na Hungria, e até no Brasil.

4. Os métodos missionários. Já mencionamos a importância da pregação da Palavra de Deus para a prática missionária. Este era o método missionário de Calvino por excelência. Não deve ser abusado de tal forma a manipular as pessoas. Pois a igreja deve apresentar argumentos persuasivos, mas com mansidão, a fim de atrair os curiosos para que estes venham livremente (comentários de Miqueias 4.3 e Filemom 10). Calvino também insistia que os cristãos jamais devem usar a força física ou o poder militar para impôr a fé aos incrédulos (comentário de Miqueias 4.3).

Em segundo lugar, e seguindo o exemplo de Cristo em Marcos 9.38, ele enfatizava que a igreja deveria orar pedindo que Deus envie trabalhadores para a colheita.

Terceiro, a igreja deveria também “recrutar a sua força e dirigi-los eficazmente, para que o seu labor não fosse em vão” (comentário sobre Isaías 49.17).

Em quarto lugar, os crentes devem liderar pelo exemplo e viver de modo coerente com a sua fé (comentário de Isaías 2.3).

E finalmente, segundo Calvino, os cristãos, sendo ricamente abençoados, devem entusiasmadamente compartilhar as suas riquezas com os outros (comentário de 2 Coríntios 1.4). Isto inclui a oração pelos perdidos (comentário de 1 Timóteo 2.4).

Conclusão
Numa época em que “missão” era a linguagem para descrever o relacionamento da trindade e a doutrina católica da sucessão apostólica impedia a reforma da igreja, não nos surpreendemos com o fato de que João Calvino, de modo semelhante aos outros reformadores, não falasse de “missões” e pouco aproveitasse da “Grande Comissão” para encorajar o avanço da igreja pela Europa e além. Entretanto, é erro grosseiro concluir que ele não possuía um senso agudo da necessidade “missionária”. E não só possuía como também o advogava intensamente, primeiro, pelo exemplo da sua própria pessoa ao assumir o desafio de liderar o movimento protestante de Genebra em direção a outro país; segundo, por meio do preparo e envio missionário de outros por toda a Europa e até ao Novo Mundo; e, acima de tudo, por meio dos seus escritos onde expunha a chegada do reino de Cristo e a necessidade consequente da pregação da Palavra de Deus pela igreja, como principal instrumento de Deus para a salvação dos eleitos.

Assim, não é exagero afirmar, que a medida que a teologia bíblica que enfatiza o “missio Dei” por meio do “regnum et missio Christi” forma o ponto de partida para a melhor missiologia contemporânea, João Calvino pode facilmente receber a distinção de ser o “pai da missiologia contemporânea protestante”.

Notas:
1. LAMAN, Gordon D. “The Origin of Protestant Missions,” 59.
2. LAMAN, Gordon D. “The Origin of Protestant Missions,” Reformed Review 43 (1989): 59; KINGDON, Robert M. Geneva and the Coming of the Wars of Religion in France (Genève: Libraire E. Droz, 1956), 79.


CRONOLOGIA DE MARTINHO LUTERO


Alderi Souza de Matos

1483 – Nasce em Eisleben, na Alemanha oriental.

1484 – Seus pais, Hans e Margaretha Luder, mudam-se para Mansfeld, onde Hans trabalha em minas de cobre.

1492 – Lutero estuda em Mansfeld.

1497 – Estuda em Magdeburgo e no ano seguinte em Eisenach.

1501 – Ingressa na Universidade de Erfurt e no ano seguinte recebe o grau de bacharel.

1505 – Conclui o mestrado em Erfurt e começa a estudar direito. Em 02-07, durante uma tempestade, jura tornar-se monge; ingressa na Ordem dos Eremitas Agostinianos, em Erfurt.

1507 – É ordenado e celebra a primeira missa. No ano seguinte, leciona filosofia moral em Wittenberg.

1510 – Visita Roma e no ano seguinte é transferido para a casa agostiniana de Wittenberg.

1512 – Torna-se doutor em teologia e no ano seguinte começa a lecionar sobre os Salmos na Universidade de Wittenberg.

1515 – Leciona sobre Romanos e é nomeado vigário distrital sobre dez mosteiros; no ano seguinte, começa a lecionar sobre Gálatas.

1517 – Começa a lecionar sobre Hebreus; em 31 de outubro, afixa as Noventa e Cinco Teses sobre as indulgências. Contexto: eleição do sacro imperador e venda de indulgências.

1518 – Defende a sua teologia em uma reunião dos agostinianos em Heidelberg. Em outubro, comparece diante do cardeal Cajetano em Augsburgo, mas recusa retratar-se; em dezembro, Frederico, o Sábio, impede que Lutero seja levado a Roma.

1519 – Entende a “justiça de Deus” como uma “justiça passiva com a qual Deus nos justifica pela fé.” Em julho, tem um debate com o professor dominicano João Eck em Leipzig; defende João Hus e nega a autoridade suprema de papas e concílios. Carlos V é eleito sacro imperador.

1520 – A bula papal Exsurge Domine dá-lhe 60 dias para retratar-se ou ser excomungado. Queima a bula papal e um exemplar da lei canônica. Escreve três documentos fundamentais: À Nobreza Cristã da Nação Alemã, O Cativeiro Babilônico da Igreja e A Liberdade do Cristão. A Reforma alastra-se na Alemanha e na Europa.

1521 – É excomungado pela bula Decet Romanum Pontificem, de Leão X. Em abril, na Dieta de Worms, recusa renegar os seus escritos e no mês seguinte um edito o condena como herético e proscrito. É seqüestrado e ocultado no Castelo de Wartburg, onde começa a traduzir o Novo Testamento. Protegido pelo príncipe eleito.

1522 – Em março, deixa o seu esconderijo e retorna a Wittenberg. No ano seguinte, escreve Sobre a Autoridade Temporal. É publicado o Novo Testamento em alemão.

1524 – Tem um debate com Andreas Bodenstein Karlstadt sobre a Ceia do Senhor. Explode a Revolta dos Camponeses.

1525 – Escreve Contra os Profetas Celestiais; escreve Contra as Hordas, criticando a Revolta dos Camponeses. Casa-se com Catarina von Bora. Escreve O Cativeiro da Vontade, contra Erasmo. Morte de Frederico, o Sábio.

1526 – Escreve a Missa Alemã; nasce o seu filho Hans. Na Dieta de Spira, os príncipes recusam-se a aplicar o Edito de Worms. No ano seguinte, luta contra enfermidades e intensa depressão; escreve “Castelo Forte”. Nasce a sua filha Elizabete. Escreve contra as idéias de Zuínglio acerca da Ceia do Senhor.

1528 – Escreve a Grande Confissão Acerca da Ceia de Cristo; chora a morte de Elizabete; visita igrejas.

1529 – Dieta de Spira: intolerância contra os luteranos. Surge o nome “protestantes.” Lutero comparece com Zuínglio ao Colóquio de Marburg, mas não alcançam acordo sobre a Ceia do Senhor. Publica o Grande Catecismo e o Pequeno Catecismo. Nasce sua filha Madalena.

1530 – Morre seu pai. Lutero, sendo um proscrito, não pode comparecer à Dieta de Augsburgo, realizada na tentativa de pôr fim à divisão religiosa do império. Filipe Melanchton apresenta a Confissão de Augsburgo, uma declaração das convicções luteranas.

1531 – Começa a lecionar sobre Gálatas. Nasce o seu filho Martin e morre a sua mãe, Margaretha.

1532 – Escreve Sobre os Pregadores Infiltradores e Clandestinos. Recebe o mosteiro agostiniano de Wittenberg como sua residência.

1533 – Nasce o seu filho Paulo. No ano seguinte, publica a Bíblia Alemã completa e nasce sua filha Margarete.

1536 – Aceita a Concórdia de Wittenberg sobre a Ceia do Senhor, na tentativa de sanar as diferenças com outros reformadores, mas os zuinglianos a rejeitam.

1537 – Redige os Artigos de Schmalkald como seu “testamento teológico.” No ano seguinte, escreve contra os judeus em Contra os Sabatarianos.

1539 – Escreve Sobre os Concílios e a Igreja. Em 1541, escreve Exortação à Oração contra os Turcos.

1542 – Redige o seu testamento; morre sua filha Madalena. No ano seguinte, escreve Sobre os Judeus e suas Mentiras.

1544 – Escreve contra a interpretação de Caspar Schwenckfeld sobre a Santa Ceia.

1545 – Escreve Contra o Papado de Roma, uma Instituição do Diabo. Morre o arcebispo Alberto de Mogúncia e tem início o Concílio de Trento.

1546 – Lutero morre no dia 18 de fevereiro em Eisleben. Sua esposa morre em 1552.


“É curioso como Calvino escreveu mais sobre oração
do que sobre eleição, mas isso ninguém repara”. (Rev.
Dr. Hermisten Maia).

OS CINCO SOLAS DA REFORMA PROTESTANTE

INTRODUÇÃO:
Antes da reforma protestante do século XVI, os ensinos, as ações e a postura da igreja Católica Romana, incomodavam os verdadeiros crentes, que procuravam pautar suas vidas nos ensinos das Escrituras Sagradas.
Homens como Jerônimo Savanarola, João Huss e tantos outros foram mortos por defenderem seus ideais de conduta e fé. No cárcere, sentenciado pelo papa para ser queimado vivo, João Huss disse: "Podem matar o ganso (em alemão, sua língua natal, huss é ganso), mas daqui a cem anos, Deus suscitará um cisne que não poderão queimar".
O monge agostiniano Martinho Lutero seguindo o mesmo ideal de lealdade às Escrituras. No dia 31 de outubro de 1517, cento e dois anos após a morte de João Huss, afixa à porta da igreja do castelo de Witenberg, as suas 95 teses, cujo teor resume-se em que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitência.
Com o desenvolvimento dos estudos de Lutero e suas teses surgem os cinco pilares da reforma protestante que são também conhecidos como os cinco solas da reforma, são princípios fundamentais da reforma protestante sintetizando o credo dos teólogos protestantes.
A palavra sola é uma palavra latina que significa "somente", esses pontos surgem com o propósito de se oporem ao pensamento, conduta e ensino da igreja romana da época. Os Cinco Solas são:
1-Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus)
A igreja romana ensinava e exigia uma devoção ao clero e aos homens santos que poderiam interferir diante de Deus para perdão de pecados e obtenção de bênçãos para os homens.
Quando se estava na presença do papa e dos cardeais a reverência deveria ser tamanha, beirando as raias de adoração, onde se demonstraria uma total submissão a estes.
Fundamentado nas Escrituras Ef 2.1-10; Jo 4..24; Sl 90.2; Tg 1.17 e tantos outros textos, os Reformadores concluem que somente a Deus devemos dar glória.
Não podemos dispensar glórias a homens, pois não passam de míseros pecadores e são como trapos imundos e carecem da misericórdia e da gloria de Deus.
2- Sola Fide (Somente a Fé)
O homem só pode ser salvo mediante a fé (a exclusividade da ação pela fé), sua alma só poderá ser liberta das chamas do inferno e das garras de Satanás mediante a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
Não são penitências, sacrifícios ou compra de indulgências, que livrarão o homem da condenação eterna, mas a salvação é através da fé (Ef 2.8).
Após meditar no texto que diz: "O justo viverá da fé", Martinho Lutero percebeu que a justiça de Deus nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé como dádiva.
3-Sola Gratia (Somente a Graça)
A única causa eficiente da salvação é a graça de Deus. Ninguém pode ser salvo por mérito próprio, por obras, sacrifícios penitências ou compra de indulgências. A única causa eficaz da salvação é a graça de Deus sobre o pecador, (Ef 2.8). Pela graça somos salvos mediante a fé, e isso não vem do homem é dom de Deus.
Nenhuma obra por mais justa e santa que possa parecer poderá dar ao homem livre acesso a salvação e ao reino dos céus, ocorrerá isso somente pela graça de Deus.
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se gloria". Ef 2.8 e 9.
4- Sola Christus (Somente Cristo)
Esse "somente" mostra a suficiência e exclusividade de Cristo no processo de salvação. Desde a eternidade Deus promove a aliança da redenção, onde o beneficiário seria o homem e o executor dessa aliança seria seu Filho unigênito "Jesus Cristo, o Messias prometido", portanto somente Cristo é o instrumento de nossa salvação.

O homem nada poderá fazer para sua salvação, pois Jesus Cristo realizou a obra da redenção ao ser sacrificado na cruz do calvário, vertendo o seu sangue como sacrifício por nossos pecados.
"E não há salvação em nenhum outro: porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dentre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" At 4.12.
5- Sola Scriptura (Somente as Escrituras)
Somente as Escrituras são regra de fé e prática para o crente. As tradições as bulas e os escritos papais mão têm, não podem ser ou mesmo servirem de instrumento de fé e prática para o rebanho de Cristo, somente as Escrituras Sagradas. Elas foram escritas por homens inspirados por Deus, são instrumentos de revelação da vontade de Deus para nossa vida. Ao lê-la somos iluminados pelo Espírito Santo para entendê-la.
Martinho Lutero escreve: "Então, achei-me recém-nascido e no paraíso, todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto, perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus".
Podemos ler em 2Tm 3. 16-17: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra".
CONCLUSÃO:
Concluímos através desse breve estudo que os Cinco Solas, serviram de base para a teologia dos reformadores, foram e são de grande importância para a estruturação de uma teologia fundamentada exclusivamente na palavra de Deus, servindo como instrumento de orientação às igrejas, no retorno para os verdadeiros ensinamentos das Escrituras, livrando o homem do senhorio do clero e voltando para o senhorio de Cristo. (SOLI DEO GLORIA).

FONTE:  Boyer, Orlando. Os Heróis da Fé, CPAD, Rio de Janeiro, 2002.

João Calvino: Pastor e Mestre

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef. 4:11,12)
Grande dom à igreja de Jesus Cristo Deus deu em João Calvino. Grande exemplo para pastores é esse homem incomum, preparado pela providência para servir à igreja de Deus naquele tempo. Grande inspiração para todos do povo de Deus, jovens também, é Calvino, cuja dedicação e amor paciente por seus irmãos nos move às lágrimas. Verdadeiramente, Deus deu esse homem, pastor e mestre, para o aperfeiçoamento dos santos, a obra do ministério e a edificação do corpo de Cristo.
Calvino nasceu em 1509, o quarto filho de um advogado da igreja e sua esposa, em Noyon, França, uma cidade amuralhada com aproximadamente 10.000 habitantes. Tal era os tempos no século dezesseis que a probabilidade de sobreviver à infância não era grande. Calvino já tinha dois irmãos mais velhos que tinham morrido na infância. Quando ele tinha apenas três anos, a mãe de Calvino morreu; e ele foi criado por uma madrasta com seu irmão mais velho, Charles, seu irmão mais novo, Antoine, e duas meio-irmãs.
Sua educação foi da mais fina, manipulada como foi por seu pai advogado, financiada por salários de posições da igreja que tinha obtido para Calvino, mas que não requeriam nenhum trabalho. Então, aos quatorze anos, Calvino teve a oportunidade de estudar com seus amigos, filhos de um bispo local, em Paris, aos pés de eruditos renomados mundialmente. Ele nunca retornou para ficar em Noyon, a cidade de seu nascimento.
Originalmente, seu pai destinou Calvino à teologia e ao sacerdócio. Quando seu pai viu que a riqueza era mais provável na prática do direito, dirigiu seu filho nesse caminho. Não-convertido, de acordo com sua própria confissão, Calvino não objetou, mas estudou com afinco. Foi somente mais tarde que Calvino retornou ao estudo da teologia.
A Reforma tinha poucos anos quando Calvino era um garoto. Zwínglio estava escrevendo e pregando a verdade. Erasmo tinha traduzido o Novo Testamento. Ministros cujos nomes são desconhecidos para nós, estavam pregando a fé reformada a partir das Escrituras. Por essa pregação, o Senhor estava mudando corações. Papa e bispos estavam irados com as mudanças. Nações estavam em guerra. Porque a Igreja e o Estado estavam em íntima conexão, a Igreja estava no centro. No meio desse tumulto, Deus estava preparando o jovem Calvino para ser um erudito incansável, um pregador eloquente, um teólogo brilhante, um apaixonado guerreiro pela fé e um humilde pastor.
Primeiro, Deus o converteria. “Por uma súbita conversão, Deus subjugou o meu coração”, confessou no prefácio ao seu comentário sobre os Salmos. Dali em diante, sua paixão foi sem limites pela causa de Jesus Cristo. Até a sua morte, esse grande dom de Deus nos serviu como um exemplo para os pastores de hoje.
Existem jovens lendo isso? Sejam encorajados, irmãos, pela grande alegria que este homem encontrou em sofrer pela igreja de Cristo como um pastor, e que essas lições de sua vida nos ensinem sobre o que significa ser um bom pastor. Mas, em vez de aprender de Calvino a partir de um estudo cronológico de sua vida, vejamos cinco áreas do ministério de Calvino que ilustram para nós que tipo de homem, pastor e mestre Deus o fez ser.
Disposto, no Dia do Poder de Deus
Como outros pastores na igreja de Deus, Calvino foi chamado para trabalhar onde não tinha escolhido. Calvino tinha se comprometido a uma vida quieta de estudo privado. Mas Deus o arrastou, como a Jonas, para o centro da batalha da Reforma e da vida da igreja numa cidade hostil. Empurrado para uma posição que não buscou, não queria, e de fato, da qual fugiu, ele se encontrou como pastor em Genebra, Suíça.
Em 1536, aos vinte e sete anos, quando viajando de volta da sua cidade natal, onde tinha ido resolver os assuntos da família após a morte do seu pai, a guerra o forçou a tomar um longo contorno que o levaria à bela cidade suíça de Genebra. Ali, passaria uma noite e retornaria à Estrasburgo para escrever e estudar em paz. Mas Deus tinha outros planos. Os pastores Farel e Viret, por quem Deus começou a Reforma em Genebra, procuraram-no e pressionaram-no a permanecer e ajudá-los na tarefa de tal forma, que ele não pôde declinar o “chamado” deles. Assim começou uma vida de labor – de autonegação, mas imensamente recompensadora – no pastorado público entre as ovelhas de Cristo. Após dois anos de “exílio”, quando Calvino foi solicitado a retornar à Genebra, ele escreveu ao seu colega Farel: “Mas quando me lembro que não pertenço a mim mesmo, eu ofereço meu coração, apresentado como um sacrifício ao Senhor. Mantenho minha alma presa e acorrentada em obediência a Deus…”. Ao colega Viret, sobre o mesmo chamado: “Não há lugar debaixo do céu do qual possa ter maior medo”. A decisão não foi agradável, mas a vontade de Deus era clara. Ele voltou para Genebra: “Seguirei onde quer que Deus me leve, pois ele sabe melhor porque lançou essa necessidade sobre mim”. Algum jovem hoje tentam correr do pastorado, ignorar os pensamentos que Deus planta, e sentem-se atemorizado ante a possibilidade da obra do ministério? João Calvino fez isso. Lembre-se, contudo, dessas duas verdades: Você não pode correr do Senhor para sempre; e ele te fará disposto e alegre (ver Sl. 110) no dia que fizer você parar.
Capaz, com os dons do Espírito
O homem que Deus sobrepujou para ser o teólogo e organizador da Reforma, para continuar o que Lutero começou, era um jovem brilhante e capaz. Os dons naturais que o Senhor lhe deu foram desenvolvidos mediante esforço disciplinado durante toda a sua juventude, de forma que sua mente amadureceu para ser penetrante e sua capacidade de aprendizado e memorização tornou-se impressionante.
Ele aprendeu os idiomas. Levantando cedo todos os dias para estudar, ao seu francês nativo ele adicionou latim, grego e hebraico, e aprendeu-os de tal forma que era fluente neles. Sua gramática era impecável. Lógica e direito estavam em seu repertório. Filosofia e história tornaram-se amigos familiares. Então, porque Deus lhe deu uma rara memória e mente, não somente poderia lembrar a maioria do que lia, mas também captar a grande figura da revelação. de Deus na Escritura e na história da igreja no mundo. Ele tinha dons naturais, sem dúvida; mas dons que foram desenvolvidos mediante árduo trabalho – o tipo de trabalho que deveria ser requerido nas boas escolas cristãs de hoje.
A igreja precisa de eruditos. Sim, o Senhor usa homens com poucos dons. A maioria dos pastores tem recebido somente uma porção modesta do seu Criador. E, provavelmente, o Senhor não nos dará muitos Calvinos novamente. Mas a igreja de Deus precisa de homens capazes que se aproximem do tipo de obra na qual Calvino se engajou. Que tipo de influência ele teria tido, caso não conhecesse história, não fosse familiar com os pais e concílios da igreja? Quem ouviria um Calvino que usasse uma gramática medíocre? Que bispos e outros inimigos da fé teriam sido silenciados num debate por um homem cuja mente era fraca e cuja lógica era obscura? A igreja precisa de eruditos! O povo de Deus deve orar por eles. Talvez devam pressionar, como Farel e Viret fizeram, os jovens piedosos e dotados a considerarem o ministério.
Jovem, mesmo que ninguém lhe pressione, Deus te chamou para usar os seus dons pela Sua causa. Você está buscando o reino em primeiro lugar? Talvez no ministério do evangelho?
Apto para Ensinar
O dom excepcional que Jesus Cristo deu a Calvino foi uma aptidão para ensinar o povo. Lendo seus escritos, imediatamente sentimos sua habilidade única de tornar claro o que é difícil. A essa aptidão Cristo adicionou um desejo sincero. O Senhor deu a Calvino um coração para ensinar o povo. Um teólogo de primeira classe, Calvino estava interessado que o povo comum aprendesse a verdade e visse a luz. Assim, sua primeira obra principal, sua (relativamente breve) edição das Institutas da Religião Cristã de 1536 foi uma tentativa de alcançar o membro comum da igreja.
O coração de Calvino ansiava em livrar o povo do cativeiro de sua ignorância, livrá-los dos erros de Roma, que atemorizavam a alma. Para isso, sua instrução era antitética, expondo ao modo de Lutero a tolice do sacramentalismo e os erros mortais da justificação pelas obras. Quando ensinava, o povo ouvia a partir da Escritura a verdade da lei de Deus, a liberdade do crente, a vida e adoração cristã, e outros assuntos como profecia, escatologia e os magistrados. Eles aprendiam o que significava ser um crente alegre e obediente no amplo mundo de Deus.
Se a igreja de hoje há de prosperar, ajudar ao povo de Deus a viver nesses últimos e perversos dias, ela deve ter pastores que sejam mestres, que façam a pergunta, como um pastor que conheço sempre faz para si: “Como poso tornar isso claro para o povo de Deus?” Ela deve treinar homens que anseiam, como o coração de Calvino (o próprio coração de Cristo nele!), por um povo que conheça a verdade.
Humildade de Modéstia
Dons sem sabedoria são inúteis. Habilidade num homem orgulhoso é perigosa. A igreja tem descoberto com muita frequência, para grande tristeza sua, que se o Senhor não misturar sabedoria e humildade, modéstia e abnegação, um homem com poucos dons é bem mais preferível que um homem que excede em habilidade, mas é arrogante.
O homem que Deus deu à igreja de 1509 a 1564 foi abençoado com um desejo sincero e abnegado de servir a Jesus Cristo. Sem pretensão, desejando nada senão a honra do seu mestre, João Calvino serviu humildemente ao seu Salvador.
Parte da humildade era uma disposição em confessar suas próprias faltas. Embora Calvino lutasse com o reconhecimento da fraqueza como qualquer outro, o Senhor deu-lhe esse dom também. Mais de uma vez ele pediu desculpas ao concílio da cidade (igreja e governo da cidade estavam bem ligados naqueles dias) por seu temperamento quente e o que ele considerava ira injusta. Também, quando ele e Farel saíram de Genebra, expulsos de seus pastorados porque pastores e o concílio da cidade não podiam entrar em acordo, Calvino queria discutir a possibilidade deles não terem sido sábios em exercer as pressões para mudança. É duvidoso que a expulsão aconteceu por falta de julgamento; mas o desejo de se examinar e estar aberto a exame é louvável.
O Reformador não tinha interesse em dinheiro e posses, outra qualidade necessária em pastores. Sua humildade se mostrou numa completa falta de desejo por coisas materiais. Contente com as necessidades básicas, Calvino rejeitou aumentos, devolveu salários, recusou presentes, e frequentemente usava parte do seu baixo salário para os refugiados franceses em Genebra. Uma vez, quando outros ministros pediram que Calvino conseguisse um aumento para eles, ele sugeriu ao concílio da cidade que abaixassem o seu salário, e dessem a diferença aos outros pastores mais pobres.
A reputação do Reformador como completamente desinteressado em dinheiro alcançou o Papa. Quando Calvino morreu, o Papa Pio IV disse: “A força desse herege consistia nisso: que o dinheiro nunca teve o mínimo atrativo para ele”. O Cardeal Sadoleto, um dos principais antagonistas de Calvino, visitou Genebra em anonimato para ver o famoso protestante. Quando bateu à porta do modesto apartamento de Calvino, ficou espantado que o próprio Calvino atendeu, e não um dos seus servos. O homem mais famoso do Protestantismo vivia numa pequena casa, atendendo sua porta.
Que todo aspirante ao ministério ore por tal espírito! E que Deus possa dar à igreja tais pastores!
Constante sob Pressões
Provavelmente a graça mais admirável dada a Calvino foi a graça de perseverar nas mais severas provas. Que exemplo de um homem de Deus que se sacrificou pela igreja de Cristo! Não sendo um tolo que buscava a morte de mártir, Calvino escapou de ameaças mais de uma vez, esperando seu tempo até que pudesse retornar e ser útil para o reino de Deus. Todavia, o Reformador estava disposto a suportar todas as coisas pela causa de Cristo.
Ele foi literalmente banido de seu próprio púlpito, ameaçado com espadas nas ruas, e expulso de Genebra. Armas foram disparadas diante da janela do seu quarto de dormir. Calvino enfrentou oposição do próprio concílio que o convocou, teve seus amigos punidos por proteger-lhe. Seu querido amigo e companheiro, o pastor cego Claudet, foi envenenado por não renunciar a verdade. Rumores malignos foram abundantemente espalhados sobre ele. Por causa do ministério, ele arriscou sua própria vida visitando os doentes; ajudou a muitos com seus recursos próprios. Apenas uma de suas doenças físicas teria mandado a maioria dos pastores para uma maca; Calvino suportou, sem reclamar, uma dúzia. Seu próprio testemunho diz que ele passou vinte anos sem descanso de enxaquecas. Sofreu de artrite, gota, malária, e finalmente cinco anos de tuberculose. Uma história narra um médico recomendando a Calvino correr velozmente de cavalo para desalojar as pedras dos seus rins – mas suas hemorroidas eram tão severas que ele não aguentava cavalgar.
Todavia, ele continuou a trabalhar, infatigavelmente, pela causa dAquele que o livrou de tão grande morte, e ainda o livraria. Quando amigos imploravam para que descansasse e se recuperasse, ele respondia: “O que!? Você quer que o Senhor me encontre ocioso quando Ele voltar?”.
Nada disso perturbada o homem de Deus, cujo amor por Cristo e visão de sua recompensava o estimulava ao labor incessante pela causa de Deus: “Que me tirou do abismo… para a luz do evangelho, que estendeu tão grandemente Sua misericórdia para comigo, que usa a mim e ao meu trabalho para anunciar a verdade do Seu evangelho. Ele se mostrará o Pai de tão miserável pecador”!
Após seu colega Calvino, de cinquenta e cinco anos, morrer, Farel, agora em seus setenta, disse ao grupo de amigos reunidos no leito de morte: “Ó, quão alegremente ele correu uma nobre carreira. Corramos como ele, de acordo com a medida de graça a nós concedida”.
Senhor da tua amada igreja, faze-nos e prepara-nos para sermos servos teus, como Calvino o foi! Levanta homens com semelhante coração, oferecido pronta e sinceramente a ti.


Autor: Prof. Barry Gritters - Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

18-10-2015 - Rev Juba e Família na Igreja Presbiteriana do JK em Cel. Fabriciano - MG




18-10-2015 - Rev Juba e Família na IPJK

12-10-2015 Tia Rose na Igreja Presbiteriana de Nova Era - Dia das Crianças



12-10-2015 Tia Rose na IP Nova Era


11-10-2015 - Recepção de Novos Membros e Profissões de Fé na Igreja Presbiteriana de Nova Era

Fizeram profissão de Fé:
Tirza Sperber Rocha,
Pedro Vitor Dirtrich Barbosa,
Monielly Amanda de Jesus,
Laís Caniçali.

Recebida por jurisdição vinda de denominação evangélica:

 Júlia Lopes.

Recebido por Batismo e Profissão de Fé:

Lucas Clemente.




11-10-2015 - Professão de Fé da Tirza

11-10-2015 Tia Rose na Escola Bíblica Dominical Especial Para Crianças da Presbiteriana de Nova Era - MG



11-10-2015 Tia Rose na EBD da Presbiteriana de Nova Era

10-10-2015 - Tia Rose na Presbiteriana de Dionísio - Programação do Dia das Crianças



10-10-2015 - Tia Rose na Presbiterianade Dionísio

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

03-10-2015 - PROJETO SEMEADORES -Jardim das Acácias

Projeto Semeadores

                No dia 03/10 “Semeamos” no Bairro Jardim das Acácias. Distribuímos mais 77 Bíblias. Uma coisa interessante é que pessoas estão nos procurando fora dos dias de “semeadura” para pedir Bíblias. Muitas delas não estavam em casa quando passamos e então nos procuram. Estamos anotando as casas que não atenderam para retornar nessas residências.
                Foi mais um dia de calor escaldante. Fiz questão de conferir no termômetro e a temperatura estava em 40 graus. Aliado a alta temperatura tínhamos a geografia pra nos cansar ainda mais. Sobe morro e desce morro... Isso aqui é Minas Gerais.
                Tivemos um componente animador. Como tivemos um grande grupo o Bairro foi coberto com muita rapidez. Foi uma demonstração de que união e comunhão tornam a obra bem mais leve e agradável, apesar dos obstáculos e desafios.
Só uma pessoa rejeitou veementemente a Palavra.
A gratuidade da Bíblia ainda é motivo de surpresa para muita gente.
                Ver um grupo grande e entusiasmado engajado na obra (como no começo do projeto) encheu-nos de alegria. O ano está acabando e ainda temos muito o que “Semear”.
               
                Motivos de oração:
- Ore pelo sustento físico e espiritual dos “semeadores”.
- Ore para que o Senhor levante ofertantes para essa causa.
 - Agradeça por todas as portas e corações abertos e receptivos à Palavra, pois são muitos.
- Ore para que o grupo de “semeadores” aumente. E o entusiasmo também só aumente.
- Agradeça porque a Glória de Cristo e o Seu calor são intensos nos corações dos “Semeadores” que se dispõem verdadeiramente.

                Vamos “semear”, pois enquanto semeamos Deus opera Suas maravilhas.

                Uma Bíblia para cada casa. A Palavra em todos os lares.

Rev. Juberto Oliveira da Rocha Júnior.
Nova Era (MG), 08 de Outubro de 2015.

                Se você quiser nos ajudar a comprar as Bíblias de que precisamos faça uma oferta:

Fundo Missionário
Agência: 1461
Conta poupança: 39263-6
Operação: 013
Banco: Caixa Econômica Federal
Titular: Igreja Presbiteriana de Nova Era

Ore, Voluntarie-se, Invista, Contribua. Seja nosso parceiro nessa missão.

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03-10-2015 - PROJETO SEMEADORES - Jardim das Acácias