segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Um Pastor Fiel


Um Pastor Fiel


            “Sou um pastor Fiel”?

            Essa pergunta me acompanha todos os dias da minha vida desde meu chamado. Quando o chamado pastoral ficou irresistível a pergunta me levava a orar muito: “Será que serei um bom pastor”?

            No preparo acadêmico a pergunta me assustava: “Será que terei condições de ser um bom pastor”?
            Quando da minha ordenação, olhei para mim mesmo e me perguntei: “Será que estou pronto para ser um bom pastor”?

            Agora, a beira de completar vinte anos de ordenação, a pergunta que me faço todos os dias é: “Sou um pastor fiel”? Não há um dia sequer que essa indagação não me visite. Todos os dias me faço essa mesma pergunta. Todos os dias por quase vinte anos.

            Sei que é só pela Graça e capacitação do Senhor que posso fazer essa obra. Ainda assim, como homem pecador e salvo que sou tenho tremores. Tenho temores pastorais que deponho em oração todos os dias.

            Temo não pregar os desígnios de Deus e Sua Palavra com fidelidade tal que as ovelhas não sejam arrebatadas por falsos mestres.

            Tremo com a possibilidade de não ser um “despenseiro fiel”. Tremo com a possibilidade de não estar expondo o verdadeiro evangelho e tento me esmerar mais.
            Temo ao pensar que a Igreja possa não entender o que prego e proponho para a edificação da mesma.

            Tremo em pensar que a Igreja não esteja sendo conduzida com equilíbrio e fidelidade as Escrituras.

            Temo que as emoções venham a ser mais valorizadas que a Palavra. O Senhor nos emociona, alegra, quebranta, leva as lágrimas... Eu mesmo estimulo a Igreja ao clamor, a alegria, ao quebrantamento, a contrição, mas, temo que as pessoas se deixem dominar pelas emoções e não as dominem com a orientação da palavra e a temperança.

            Temo engessar a Igreja de tal maneira que ela se torne insensível a Voz do Senhor por instrumentalidade do Seu Espírito. E também temo que a Igreja se torne mística e exotérica, de modo que se perca e perca a Palavra. Temo que ela se torne tão emotiva que se deixe “levar por qualquer vento de doutrina” e invencionices humanas (que vem travestidas de um discurso “espiritual”).

            Sempre me pergunto se estou fazendo direito a obra de discipulamento para que os crentes levem outros a Cristo.

            Temo ser acusado de “granjear o pão da preguiça” e por isso tento me gastar o máximo na obra, não obstante minhas limitações e deficiências.

            Nunca pastoreei “por sórdida ganância”. Até me constranjo ao tratar de côngruas com os presbíteros, ainda que saiba que “digno é o trabalhador de seu salário”.

            Quando vem as investidas de Satanás, temo cair e envergonhas Cristo e Sua Igreja. Em razão disso oro e me policio tentando ser exemplo para os fiéis e bom testemunho para os que não creem.

            Quando um membro se desliga de nós, um jovem nos deixa, um adolescente se ilude... me ponho a pensar com agonia sobre o destino dessa vida.

            Temo fracassar em ensinar a Igreja que a razão de nossa existência é adorar a Deus, tributar-lhe glória e prestar-lhe culto. Eu ficaria despedaçado se visse a Igreja se pensando como uma promotora de eventos onde o homem (e seus caprichos) é o centro.

            Temo ao pensar que as demandas do rebanho não estão sendo supridas e que eu seja incapaz. Sou mesmo incapaz e o grande trabalho é realizado pelo Mestre, ainda assim, temo por mim e minhas falhas.

            Temo não estar inspirando, com meu exemplo de trabalho, aos presbíteros para que realizem o co-pastoreio.

            Ah! São tantos temores! Tantos temores mais!

            Não penso em desistir jamais. Sei que o maior cuidado vem do Supremo Pastor. Ainda assim, temo que o rebanho não seja devidamente pastoreado por mim. O Senhor me confiou um rebanho e há muitas coisas que me colocam em oração. Há coisas tão grandes pra tratar que nada mais posso fazer além de orar.

            Sim, sou um pastor humano com temores e falhas. Temo que minha imperfeição leve ovelhas a pensar em “fugir” para outras pastagens e que lá elas sejam devoradas por lobos vorazes. Temo também que isso possa acontecer pela pregação da sã doutrina que muitos não querem. Então deve haver sensibilidade, equilíbrio e vida devocional.

            Não quero ser o chefe. Só desejo cumprir com fidelidade o pastoreio. Não quero ser servido, Quero servir a Cristo lado a lado com o rebanho. Não quero devorar ovelhas e explorá-las. Quero caminhar “pelos pastos verdejantes” junto a elas. Não quero colocar peso sobre os cordeirinhos. Quero estar com eles “junto as águas de descanso”.

            São tantos temores! Não é falta de confiança no Supremo Pastor. É um santo temor. Que o Senhor Jesus me livre de perder o temor, pois, perde-lo me colocaria mais próximo de deixar de ser um pastor fiel. Ao mesmo tempo, Que o Espírito me dê descanso e confiança, pois, se assim não for, estarei próximo da estafa.

Que eu tenha um coração de pastor fiel sempre e que o rebanho de Cristo possa ver esse coração.



Pr. Juberto Oliveira da Rocha Júnior
Nova Era (MG), 08 de outubro de 2018

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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Tem Pão Velho


Tem Pão Velho

Vou contar um fato corriqueiro, que inesperadamente me trouxe uma grande lição de vida.
Era um fim de tarde de sábado. Eu estava molhando o jardim da minha casa, quando fui interpelada por um garotinho com pouco mais de nove anos, dizendo:
- “Moça, tem pão velho”?
Essa coisa de pedir pão velho, sempre me incomodou, desde criança. Olhei para aquele menino tão nostálgico, e perguntei:
- “Onde você mora”?
- “Depois do Zoológico”.
- “Bem longe, hein”?
- “É... mas eu tenho que pedir as coisas para comer”.
- “Você está na escola”?
- “Não. Minha mãe não tem dinheiro para comprar material”.
- “Seu pai mora com vocês”?
- “Não, ele sumiu”.
E o papo prosseguiu, até que disse:
- “Vou buscar o pão. Serve pão novo”?
- “Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, e isso é  suficiente”.
A resposta caiu em mim, como um raio. Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e falta de amor daquela criança, daquele menino de apenas nove anos, já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitado de um papo,  de uma conversa amiga.
Quantas lições podemos tirar dessa resposta: "Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, e isso é suficiente".
Que poder mágico, tem o gesto de falar e ouvir com amor. Alguns anos já se passaram, e continuam a pedir "pão velho" na minha casa... e eu, dando pão novo, mas procurando,  antes, compartilhar o pão das pequenas conversas, o pão dos gestos que acolhem e promovem.
Este pão de amor, não fica velho porque é fabricado no coração de quem acredita Naquele que disse:
"Eu Sou o pão da vida!" (Jo 6. 32, 35, 48, 51; Mc 14. 22; Mt 26. 26).
Fique atento a quantas pessoas podem estar esperando uma só palavra de acolhimento da sua parte.
Tem pão velho?

(Referencias Bíblicas adicionadas pelo Rev. Juba)
(Autor Desconhecido)