Um Pastor Fiel
“Sou
um pastor Fiel”?
Essa
pergunta me acompanha todos os dias da minha vida desde meu chamado. Quando o
chamado pastoral ficou irresistível a pergunta me levava a orar muito: “Será
que serei um bom pastor”?
No
preparo acadêmico a pergunta me assustava: “Será que terei condições de ser um
bom pastor”?
Quando
da minha ordenação, olhei para mim mesmo e me perguntei: “Será que estou pronto
para ser um bom pastor”?
Agora,
a beira de completar vinte anos de ordenação, a pergunta que me faço todos os
dias é: “Sou um pastor fiel”? Não há um dia sequer que essa indagação não me
visite. Todos os dias me faço essa mesma pergunta. Todos os dias por quase
vinte anos.
Sei
que é só pela Graça e capacitação do Senhor que posso fazer essa obra. Ainda
assim, como homem pecador e salvo que sou tenho tremores. Tenho temores
pastorais que deponho em oração todos os dias.
Temo
não pregar os desígnios de Deus e Sua Palavra com fidelidade tal que as ovelhas
não sejam arrebatadas por falsos mestres.
Tremo
com a possibilidade de não ser um “despenseiro fiel”. Tremo com a possibilidade
de não estar expondo o verdadeiro evangelho e tento me esmerar mais.
Temo
ao pensar que a Igreja possa não entender o que prego e proponho para a
edificação da mesma.
Tremo
em pensar que a Igreja não esteja sendo conduzida com equilíbrio e fidelidade
as Escrituras.
Temo
que as emoções venham a ser mais valorizadas que a Palavra. O Senhor nos
emociona, alegra, quebranta, leva as lágrimas... Eu mesmo estimulo a Igreja ao
clamor, a alegria, ao quebrantamento, a contrição, mas, temo que as pessoas se
deixem dominar pelas emoções e não as dominem com a orientação da palavra e a
temperança.
Temo
engessar a Igreja de tal maneira que ela se torne insensível a Voz do Senhor por
instrumentalidade do Seu Espírito. E também temo que a Igreja se torne mística
e exotérica, de modo que se perca e perca a Palavra. Temo que ela se torne tão
emotiva que se deixe “levar por qualquer vento de doutrina” e invencionices
humanas (que vem travestidas de um discurso “espiritual”).
Sempre
me pergunto se estou fazendo direito a obra de discipulamento para que os
crentes levem outros a Cristo.
Temo
ser acusado de “granjear o pão da preguiça” e por isso tento me gastar o máximo
na obra, não obstante minhas limitações e deficiências.
Nunca
pastoreei “por sórdida ganância”. Até me constranjo ao tratar de côngruas com
os presbíteros, ainda que saiba que “digno é o trabalhador de seu salário”.
Quando
vem as investidas de Satanás, temo cair e envergonhas Cristo e Sua Igreja. Em
razão disso oro e me policio tentando ser exemplo para os fiéis e bom
testemunho para os que não creem.
Quando
um membro se desliga de nós, um jovem nos deixa, um adolescente se ilude... me
ponho a pensar com agonia sobre o destino dessa vida.
Temo
fracassar em ensinar a Igreja que a razão de nossa existência é adorar a Deus,
tributar-lhe glória e prestar-lhe culto. Eu ficaria despedaçado se visse a
Igreja se pensando como uma promotora de eventos onde o homem (e seus
caprichos) é o centro.
Temo
ao pensar que as demandas do rebanho não estão sendo supridas e que eu seja
incapaz. Sou mesmo incapaz e o grande trabalho é realizado pelo Mestre, ainda
assim, temo por mim e minhas falhas.
Temo
não estar inspirando, com meu exemplo de trabalho, aos presbíteros para que
realizem o co-pastoreio.
Ah!
São tantos temores! Tantos temores mais!
Não
penso em desistir jamais. Sei que o maior cuidado vem do Supremo Pastor. Ainda
assim, temo que o rebanho não seja devidamente pastoreado por mim. O Senhor me
confiou um rebanho e há muitas coisas que me colocam em oração. Há coisas tão
grandes pra tratar que nada mais posso fazer além de orar.
Sim,
sou um pastor humano com temores e falhas. Temo que minha imperfeição leve
ovelhas a pensar em “fugir” para outras pastagens e que lá elas sejam devoradas
por lobos vorazes. Temo também que isso possa acontecer pela pregação da sã
doutrina que muitos não querem. Então deve haver sensibilidade, equilíbrio e
vida devocional.
Não
quero ser o chefe. Só desejo cumprir com fidelidade o pastoreio. Não quero ser
servido, Quero servir a Cristo lado a lado com o rebanho. Não quero devorar
ovelhas e explorá-las. Quero caminhar “pelos pastos verdejantes” junto a elas.
Não quero colocar peso sobre os cordeirinhos. Quero estar com eles “junto as
águas de descanso”.
São
tantos temores! Não é falta de confiança no Supremo Pastor. É um santo temor.
Que o Senhor Jesus me livre de perder o temor, pois, perde-lo me colocaria mais
próximo de deixar de ser um pastor fiel. Ao mesmo tempo, Que o Espírito me dê
descanso e confiança, pois, se assim não for, estarei próximo da estafa.
Que eu tenha um coração de
pastor fiel sempre e que o rebanho de Cristo possa ver esse coração.
Pr. Juberto Oliveira da
Rocha Júnior
Nova Era (MG), 08 de outubro
de 2018
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