sábado, 22 de novembro de 2008

O ACENDEDOR DE LAMPIÕES


Quando menino, em Nova Odessa, São Paulo, eu gos¬tava de acompanhar o acendedor de lampiões. (Na verda¬de, em 1927, os lampiões já tinham sido substituídos por lâmpadas, mas o nome do funcionário continuou, acende¬dor de lampiões.)
Hoje, as modernas lâmpadas de mercúrio, ou as lâmpa¬das comuns, se acendem automaticamente ao cair da tar¬de e se apagam de manhã com o clarear do dia. Mas anti¬gamente não era assim. Os automóveis funcionavam com luz a carbureto, bruxuleante, e a iluminação pública era muito deficiente. Os postes precisavam ser acesos, um a um, ao cair da tarde, com operação inversa todas as ma-nhãs.
A criançada acompanhava o funcionário da prefeitura. Ele, com uma vara comprida, suspendia a chave de cada poste, clareando um pedaço de rua. Corríamos para o pos¬te seguinte. Mais um jorro de luz. Mais outro... mais outro.
Quando ficava muito distante de casa e não tínhamos permissão de ir além, já não se divisava mais o acendedor de lampiões. A sua imagem era engolida pelas sombras, e, de repente, mais um jato de luz, e ia ficando um rastro lu¬minoso por onde ele passava.
Muitos crentes são como um acendedor de lampiões: Vão deixando um rasto luminoso por onde passam. Mas outros...
"Vós sois a luz do mundo: não se pode esconder uma ci¬dade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.14-16).

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