Por
Jonathan Edwards
Considere o que outros podem
dizer sobre você. Embora as pessoas estejam cegas quando às suas próprias
faltas, facilmente descobrem os erros dos outros — e consideram-se aptas o
suficientes para falar deles. Algumas vezes, as pessoas vivem de maneiras que
absolutamente não são adequadas, porém estão cegas para si mesmas. Não veem
seus próprios fracassos, embora os erros dos outros lhes sejam perfeitamente
claros e evidentes. Elas mesmos não veem suas falhas; quanto às dos outros, não
podem fechar os olhos ou evitar ver em que falharam.
Alguns, por exemplo, são
inconscientemente muito orgulhosos. Mas o problema aparece notório aos outros.
Alguns são muito mundanos ainda que não sejam conscientes disso. Alguns são
maliciosos e invejosos. Os outros veem isso, e para eles lhes parecem
verdadeiramente dignos de ódio. Porém, aqueles que têm esses problemas não
refletem sobre eles. Não há verdade no seu coração e nem nos seus olhos em tais
casos. Assim devemos ouvir o que os outros dizem de nós, observar sobre o que
eles nos acusam, atentar para que erro encontram em nós, e com diligência
verificar se há algum fundamento nisso.
Se outros nos acusam de
orgulhosos, mundanos, maus ou maliciosos — ou nos acusam de qualquer outra
condição ou prática maldosa — deveríamos honestamente nos questionar se isso é
verdade. A acusação pode nos parecer completamente infundada, e podemos pensar
que os motivos ou o espírito do acusador está errado. Porém, a pessoa perspicaz
verá isso como uma ocasião para um autoexame.
Deveríamos especialmente ouvir o
que os nossos amigos dizem para nós e sobre nós. É imprudente, bem como
nãocristão, tomar isso como ofensa e se ressentir quando os outros apontam
nossas falhas. "Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos
de quem odeia são enganosos" (Pv 27.6). Deveríamos nos alegrar que nossas
máculas foram identificadas.
Mas, também deveríamos atentar
para as coisas sobre as quais os nossos inimigos nos acusam. Se eles nos
difamam e nos insultam descaradamente — até mesmo com uma atitude incorreta —
deveríamos considerar isso como um motivo para uma reflexão no íntimo, e nos
perguntar se há alguma verdade no que está sendo dito. Mesmo se o que for dito
é revelado de modo reprovável e injurioso, ainda pode ser que haja alguma
verdade nisso. Quando as pessoas criticam outras, mesmo se seus motivos forem
errados, provavelmente têm como alvo verdadeiros erros. Na verdade, nossos
inimigos provavelmente nos atacam onde somos mais fracos e mais defeituosos; e
onde demos mais abertura para a crítica. Tendem a nos atacar onde menos podemos
nos defender. Aqueles que nos insultam — embora o façam com um espírito e modos
nãocristãos — geralmente identificarão as genuínas áreas onde mais podemos ser achados
culpados.
Assim, quando ouvirmos outros
falando de nós nas nossas costas, não importa o espírito de crítica, a resposta
certa é a autorreflexão e uma avaliação quanto à verdade da culpa em relação
aos erros de que nos acusam. Com certeza essa resposta é mais piedosa do que
ficar furioso, revidar ou desprezá-los por terem falado maldosamente. Desse
modo talvez tiremos o bem do mal, e esta é a maneira mais certa de derrotar o
plano dos nossos inimigos, que nos injuriam e caluniam. Eles fazem isso com
motivação errada, querendo nos injuriar. Mas, dessa maneira converteremos isso
em nosso próprio favor.
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