Afinal, o Que é Orar?
Augustus Nicodemus Lopes
Orar a
Deus deveria ser uma coisa simples. Todavia, poucos assuntos precisam de mais
esclarecimentos do que a oração. Há muitos conceitos errados sobre a oração por
causa do misticismo e da superstição que acometem o ser humano (não somente os
brasileiros), por falta de mais conhecimento bíblico sobre o assunto e por
causa de ideias equivocadas que as pessoas têm sobre Deus. Seguem alguns pontos
sobre oração que penso que são fundamentais e também relevantes para nós hoje.
Estou pressupondo o básico: quem vai orar acredita que Deus existe e que Ele
recompensa os que o buscam (Hb 11.1-2 e 6).
1 – Orar é basicamente
apresentar a Deus, mediante Jesus Cristo e com a ajuda do Espírito Santo,
nossos desejos, necessidades, confissão de pecados, intercessões,
agradecimentos. A razão é que somente o Deus Triúno conhece nossos corações, é
capaz de atender os pedidos e o único que pode perdoar pecados. Portanto, não
há qualquer fundamento bíblico para dirigirmos nossas orações a quaisquer
criaturas, vivas ou mortas, mas somente ao Deus Triúno (2Sm 22.32; 1Rs 8.39; Is
42.8; Sl 65.1-4; 145.16,19; Mq 7.18-20; Mt 4.10; Lc 4.8; Jo 14.1; At 1.24; Rm
8.26-27; Jo 14.14 e dezenas de outros textos que falam de nos dirigirmos a
Deus).
2 – O Novo Testamento nos
ensina que devemos orar a Deus em nome de Jesus Cristo. A razão é que o pecado
nos afastou de Deus e não podemos nos aproximar dele por nossos próprios
méritos. Jesus Cristo é o único, na terra e no céu, que foi constituído pelo
próprio Deus como mediador entre ele e os homens. Não há qualquer base bíblica
para se chegar a Deus em oração pela mediação de qualquer outro nome. A Bíblia
nos ensina que “não há outro nome dado aos homens” (At 4.12) e que “há somente
um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo” (1Tim 2.5). (Ver ainda Jo
14.6; Ef 3.12; Cl 3.17; Hb 7.25-27; 13.15).
3 – Orar em nome de Jesus é nos
achegarmos a Deus confiados nos méritos de Jesus Cristo e no perdão de pecados
que ele nos conseguiu por meio de sua morte na cruz. É pedir a Deus com base
nos merecimentos de Cristo e não nos nossos. É renunciar a toda justiça própria
e chegarmos esvaziados de nós mesmos diante de Deus, nada tendo para oferecer
em nosso favor a não ser a obra daquele que morreu e ressuscitou por nós. Onde
não houver esta disposição e atitude, invocar o nome de Jesus é vão. O nome de
Jesus não é um talismã ou uma palavra mágica, ou a senha para desbloquear as
bênçãos de Deus. Não funciona nos lábios daqueles que ainda confiam em si
mesmos e na sua própria justiça, ainda que repitam este Nome dezenas de vezes
em oração (Mt 6.7-8; 7.21; Lc 6.46-49; Jo 14.13,14; At 19.13-16; 1Jo 5.13-15;
Hb 4.14-16).
4 – Embora possamos pedir a
Deus qualquer coisa que desejarmos, todavia, só deveríamos orar por aquelas que
trazem a maior glória de Deus, que promovem o crescimento do Reino de Deus
neste mundo e que são para nosso bem, sustento, proteção, alegria, bem como de
nosso próximo. Foi isto que Jesus nos ensinou a pedir na oração do “Pai Nosso”
(Mt 6.9-13), além de outras coisas afins (Lc 9.11-13). Assim, é tentar a Deus
orarmos por coisas ilícitas e pedir coisas que Ele declara, na Bíblia, serem
contra a sua vontade (Tg 4.1-3; Mt 20.20-28).
5 – Em nossas orações, deveríamos nos
lembrar de orar por outras pessoas. A Bíblia nos ensina a pedir a Deus pelos
irmãos em Cristo, pela Igreja de Cristo em todo o mundo, pelos governantes, por
nossos familiares e pessoas de todas as classes, inclusive pelos nossos inimigos.
Todavia, não há qualquer base bíblica para orarmos pelos que já morreram ou
oferecer petições em favor dos mortos (Gn 32.11; 2Sm 7.29; Sl 28.9; Mt 5.44; Jo
17.9 e 20; Ef 6.18; 1Tm 2.1-2; 2Ts 1.11; 3.1; Cl 4.3).
6 – Deus nos encoraja a trazer
diante dele as nossas petições. Todavia, ainda que a eficácia de nossas orações
dependa exclusivamente dos méritos de Cristo, Deus nos ensina em sua Palavra
que há determinadas atitudes nos que oram que fazem com que ele não atenda
estas orações, como brigas entre irmãos, mundanismo e egoísmo, tratar mal a
esposa, pecados ocultos, incredulidade e dúvidas, falta de perdão a quem nos
ofende, hipocrisia, vãs repetições, entre outras coisas (Mt 5.23-24; Tg 4.1-3;
1Pe 3.7; Sl 66.18; Pv 28.13; Is 59.1-2; Tg 1.6-7; Mt 6.14-15; Mt 6.5; Mt 6.7-8).
Por outro lado, se nossas orações são respondidas, isto não se deve à nossa
santidade, mas à graça de Deus mediante Jesus Cristo, que nos habilita a viver de
forma agradável a ele (1Jo 3.21-22), e ao fato de que as orações, por esta mesma
graça, foram feitas de acordo com a vontade de Deus (1Jo 5.14).
7 – Deus requer fé da parte dos
que oram (Hb 3.12; 11.6; Jr 29.12-14; Tg 1.5-8; 5.15). Esta fé é uma simples
confiança de que Deus existe, que ele nos aceitou plenamente em Cristo e que é
poderoso para nos dar aquilo que pedimos, ou então, nos dar muito mais do que
imaginamos (Hb 4.14-16). Orar com fé é trazer diante de Deus nossas
necessidades e descansar nele, confiantes que ele responderá de acordo com o
que for melhor para nós (1Jo 5.14-15). Orar com fé não significa determinar a
Deus que cumpra nossos pedidos, ou decretar, como se a oração tivesse um poder
próprio, que estes pedidos aconteçam. Orações não geram realidades espirituais
e nem engravidam a história. É Deus quem ouve as orações e é Ele quem decide se
vai respondê-las ou não, e isto de acordo com sua vontade e propósito de sempre
nos fazer bem.
Se
houvesse mais oração verdadeira a Deus por parte dos que professam conhecê-lo
mediante Jesus Cristo, quem sabe veríamos aquele avivamento e reforma
espirituais que tanto desejamos para nossa pátria?
“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me
buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus,
perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7.14).
Fonte: http://tempora-mores.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário