Enquanto no Brasil os programas
do tipo reality show nada mais têm a explorar do que o sensualismo explícito
das relações dos participantes, no Reino Unido fez grande sucesso um outro tipo
de reality show : chama-se The Secret Millionaire (O Milionário Secreto). O
primeiro episódio foi ao ar oito anos atrás, numa rede pública de televisão;
hoje, o modelo foi ‘copiado’ em outros países de fala inglesa. De que consiste?
A produção do seriado seleciona um dos milionários do país para participar de
um episódio de vida real; ele (ou ela) deixa sua mansão, sua vida regalada, se
infiltra de modo incógnito no meio de um segmento pobre da comunidade, ou de
uma entidade, vivendo a vida dela. Ao final de uma semana (ou mais) revela-se,
doando uma significante quantia de sua fortuna para beneficiar aquela
comunidade ou entidade.
Desse modo, cerca de 70
milionários britânicos já se infiltraram em instituições de idosos, em
sociedade de recuperação de químico-dependentes, em grupos de voluntários para
assistência comunitária, em clínicas de enfermos desenganados ou terminais, em
agências de recolocação em trabalho, e assim por diante. Com isto, certa mãe de
uma filha acidentada e paraplégica recebeu ajuda financeira para assistência à
filha; um casal em que a esposa é cancerosa, recebeu ajuda para uma
sobrevivência mais digna; uma turma de adolescentes, que se reunia algumas
noites por semana para evitar as ruas, sob a condução de voluntários da
sociedade, recebeu recurso para investir em suas atividades de inserção social;
uma entidade de acolhimento de crianças sem pais, privada de recursos
governamentais, recebeu recursos para estender sua sobrevivência; e muitos
outros casos foram se sucedendo.
Só mesmo vendo a reação das
pessoas, com sua incredulidade e surpresa, ao receberem cheques gordos, de
milhares de Libras Esterlinas, de uma pessoa que, por sete a quatorze dias
antes se passava como mero voluntário comum no seu meio, um colega de serviço
voluntário... Um desses milionários não escondeu a dificuldade que teve em
enfrentar o cuidado com idosos, com suas necessidades peculiares (inclusive
fisiológicas, descontroladas); por exemplo, limpeza de banheiro, ou mesmo
limpeza corporal de uma quantidade de idosos que nem mais consegue chegar ao
banheiro. Em vários casos, protagonistas acabaram testemunhando a descoberta de
um horizonte da existência que, no recôndito de seus gabinetes e mansões, nem
tomava parte em suas cogitações; mas, uma ou duas semanas imergindo em um mundo
diferente e carente, vivendo como um dos participantes ou assistentes, mudou
suas vidas para sempre. Vários deles retornaram àquelas cidades pobres, às
instituições carentes, porque suas almas ficaram para sempre ligadas com vidas
dependentes, agora familiares.
São episódios muito curiosos. E
eu tenho um episódio histórico, factual, ainda muito mais curioso e atraente
para retratar. Muito provavelmente não conseguirei atrair uma agência de
promoções e eventos, ou uma rede internacional de TV, para retratar a história.
Trata-se de um voluntário, “milionário” em certo sentido da palavra (toda a
prata e todo o ouro do universo lhe pertencem), que também deixou um palácio (o
palácio celestial) para ‘infiltrar-se’ no meio dessa raça degenerada e
miserável (a raça humana, caída, pecadora), tornando-se como um de nós; ao
final de sua jornada ‘fora de casa’, acabou por deixar muito mais que um cheque
gordo aos miseráveis no meio dos quais veio temporariamente viver. Ele
simplesmente renunciou ao esplendor de sua glória, para assumir lugar entre
nós, natureza tal como a nossa (exceto quanto ao pecado), e propiciar uma
conexão definitiva de sua alma com a nossa.
E deixou um prêmio de herança, que vale uma mansão celestial, onde
ninguém vai pagar aluguel, e de onde ninguém jamais vai desejar sair. E ele
mesmo garante o resgate desse prêmio, ofertado por meio de sua própria vida,
quando de sua estada entre nós (foi bem mais que uma semana). Tende em vós o
mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em
forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo
se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até
à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu
o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2.5-11, ARA).
Neste próximo ano, daqui alguns
dias, te encorajo a pensar nisto: Jesus Cristo, o dono de todas as riquezas
eternas da divindade, deixou o lugar celestial de glória, e se ‘infiltrou’
entre nós, como um de nós, para proporcionar um bilhete de passagem para a
eternidade paradisíaca do céu – o Seu presente de Natal! Enquanto muitos
pensarão em presentes, “muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”, pense
nisto: há uma única possibilidade de tirar proveito da passagem transitória
daquele “milionário secreto” singular (nem tão secreto assim, mas de
procedência celestial, divina) neste mundo. E essa oportunidade só é disponível
enquanto aqui estamos. Pensar nos episódios dos “milionários secretos” da tevê
inglesa, já trará uma interessante analogia; conhecer a verdadeira história,
contada no Livro de Deus, será muito melhor; fazer da vida pessoal o lugar de
sua hospedagem e moradia permanente, à semelhança das instituições que
receberam o milionário voluntário, será o melhor presente!
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