Nasceu
em Barsley, Inglaterra, filho de pais metodistas. Antes de seu nascimento, seus
pais o consagraram a Cristo, por ser o esperado primogênito; o pai de Hudson
tinha forte impressão da ordem vétero-testamentária, quanto à consagração dos
primogênitos. Quando criança, sempre tinha o pai e a mãe a orar consigo, além
dos outros quatro irmãos. No entanto, na adolescência (tinha que ser)
distanciou-se dos valores do evangelho. Ele mesmo chegou a confessar-se um
cético. Reconciliou-se na fé cristã aos 17 anos (1849), vindo a professar sua
fé. As orações paternas, intensas da parte de sua mãe, tiveram ‘eco’ no céu. A
semente plantada pelo ministério dos pais reviveu fortemente! Assim ele relata:
"Lembro-me
bem da ocasião, quando, com gozo no coração, derramei a alma perante Deus,
repentinamente,
confessando-me grato e cheio de amor porque Ele tinha feito tudo - salvando-me
quando eu não tinha mais esperança, nem queria a salvação. Supliquei-lhe que me
concedesse uma obra para fazer, como expressão do meu amor e gratidão, algo que
envolvesse abnegação, fosse o que fosse; algo para agradar a quem fizera tanto
para mim. Lembro-me de como, sem reserva, consagrei tudo, colocando a minha
própria pessoa, a minha vida, os amigos, tudo sobre o altar. Com a certeza de
que a oferta fora aceita, a presença de Deus se tornou verdadeiramente real e
preciosa. Prostrei-me em terra perante Ele, humilhado e cheio de indizível
gozo. Para que serviço fora aceito eu não sabia. Mas fui possuído de uma
certeza tão profunda de não pertencer mais a mim mesmo, que esse entendimento,
depois dominou toda a minha vida".
No
mesmo ano de 1849 consagrou-se ao trabalho missionário, já tendo a China em
vista. Uma leitura sobre aquele país asiático o convenceu, levando-o ao estudo
do mandarim. Preparou-se também submetendo-se ao curso de medicina, que não
completou. À sua própria noiva escreveu as seguintes palavras:
"Imagina,
centenas de milhões de almas sem Deus, sem esperança, na China! Parece
incrível; milhões de pessoas morrem dentro de um ano sem qualquer conforto do
Evangelho!... Quase ninguém liga importância à China, onde habita cerca da
quarta parte da raça humana... Ora por mim, querida Amélia, pedindo ao Senhor
que me dê mais da mente de Cristo... Eu oro no armazém, na estrebaria, em
qualquer canto onde posso estar sozinho com Deus. E ele me concede tempos
gloriosos... Não é justo esperar que você... (a noiva de Hudson) vá comigo
para morrer no estrangeiro. Sinto profundamente deixá-la, mas meu Pai sabe qual
é a melhor coisa e não me negará coisa alguma que seja boa..."
Em
Setembro de 1853, embarcou para Shangai, onde chegou em 1º de Março de 1854.
seus relatos da viagem dão conta de um evidente e grande contraste com as
viagens internacionais contemporâneas, sejam pelo mar ou, principalmente, pelo
ar. Quase se assemelham ao relato de Atos 27... Em vez dos esperados quarenta
dias de viagem, quatro vezes mais. Aos vinte e um anos de idade, lá estava
Hudson Taylor, no território de sua missão. Em três meses, distribuiu 1800 Novos Testamentos e
evangelhos, além de mais de dois mil livros. Só em 1855, oito viagens ao
interior da China. Para melhor identificar-se com o povo, resolveu raspar a
cabeça como chineses, deixando a trança posterior, e vestir-se como chineses.
Ao
casar-se com uma missionária que estava no país em 1858 (Mary Dyer), fez do seu
próprio lar a primeira sede da Missão do
Interior da China. Cinco filhos lhes nasceram. Por causa da deterioração da
saúde, voltou à Inglaterra, onde os médicos lhe disseram que, se quisesse
viver, não voltasse à China. No entanto, não foi o risco da missão, e sim o
veto médico à missão, que lhe pareceu verdadeira ‘sentença de morte’.
Lembrou-se de que, a cada mês, eram um milhão de chineses a morrer; e, morrer
sem Cristo. Mesmo na Inglaterra, só trabalhava pela missão; tanto, que somente
depois de vinte dias pôde abraçar seus familiares. Ao falar em auditórios,
lembrava sempre Provérbios 24.11.
Não
mais suportando o grande incômodo pelas almas a perecer naquele
país-continente, embarcou novamente, em 1865, com toda a sua família e mais
vinte e quatro novos obreiros. Seu alvo era
alcançar as onze províncias chinesas ainda não alcançadas por nenhum
cristão. Uma nova viagem extremamente
difícil e perigosa, de quatro meses. O primeiro culto, em 1867, durou quatro
horas, incluindo oração e jejum. Poucos dias depois, o Senhor levava à Sua
presença celestial a filha de oito anos do missionário. No ano seguinte, a
cólera ceifou também sua esposa e outro filho. O relato de quem assistiu o
diálogo entre Hudson Taylor e sua moribunda esposa é tangente. Para acentuar as adversidades, um acidente
lhe feriu a coluna, e quase permaneceu paralítico. Foi um tempo de intensas
intercessões pela China, e pelos missionários naquele país. Além das orações,
era a Palavra de Deus o instrumento da companhia divina diária, tal como
expressa na última oração de sua primeira esposa. Um dia, certa pessoa lhe
questionou o assunto da próxima prédica; ao responder que ainda não sabia,
porque ainda não tinha tido tempo para esse mister, o inquiridor lhe criticou
como se nada mais tivesse que fazer, senão descansar.
-
Irmão, não conheço o que seja descansar. - foi a resposta branda de Hudson
Taylor; quando não estava orando, estava meditando na Palavra; quando não fazia uma das duas coisas, estava
em trabalhos pela missão.
Entre
1888 e 1889, Taylor visitou o Canadá, os Estados Unidos e a Suécia. Como
resultado, a Missão ao Interior da China teve grande impulso. Os novos
missionários eram estimulados pelo exemplo daquele homem que amou os perdidos,
amou a China. A colheita aumentava o número de crentes. Mas, a revolução dos
Boxers, no ano de 1900, dizimou os crentes. Não apenas crentes – também
cinquenta e oito missionários da missão.
Hudson
Taylor, com a sua esposa, estavam novamente na Inglaterra, quando começaram a
chegar telegrama após telegrama avisando-os dos horripilantes acontecimentos na
China; aquele coração que tanto amava a cada missionário, quase cessou de
pulsar. Acerca desse acontecimento assim se manifestou: "Não sei ler, não
sei pensar, nem mesmo sei orar, mas sei confiar."
Estando
na Inglaterra, eis o que registrou pela carta que recebeu de duas missionárias,
escrita um dia antes de sua morte pelos revoltosos:
"Oh!
Que gozo de sair de tal motim de pessoas enfurecidas para estar na Sua
presença, para ver o Seu sorriso! Elas agora não estão arrependidas. Têm a
imperecível coroa! Andam com Cristo em vestes brancas, porque são dignas".
Após
o falecimento de sua segunda esposa, Hudson Taylor decidiu que lhe importava
voltar à China. Em
17 de abril de 1905 embarcou. Seu filho, médico, e sua nora, acompanharam. Em
sua última viagem, visitou o cemitério onde estão gravados os nomes de quatro
filhos e o da primeira esposa. E foi assim, em meio ao derradeiro trajeto da
viagem missionária, que Hudson Taylor se deparou com a última milha da jornada.
Era 3 de junho de 1905, na cidade chinesa de Chang-sha. Na cidade de
Chin-Kiang, à beira do grande rio, foi sepultado o corpo do missionário, que deu a sua vida –
que durou até os setenta e três - pela China. Crianças chinesas cantaram em seu
sepultamento, numa cerimônia em que, por força de expressão poética, deve ter paralisado
as hostes celestiais, para assistir. Cinquenta e dois anos haviam se passado desde o atendimento à
‘convocação’. A CIM (OMF) deixou um legado: 800 missionários enviados à China,
quase três centenas de estações missionárias presentes em todas as províncias,
125 escolas e a conversão milhares de pessoas. Tombou o pioneiro, antes do
levante comunista que sujeitou o país.
Dele,
disse Ruth Tucker:
“Nenhum
outro missionário, em dezenove séculos, desde os dias do Apóstolo Paulo, teve
visão mais ampla, ou desenvolveu plano de evangelização mais sistematizado em
área geográfica estrangeira tão extensa, quanto Hudson Taylor”
[From
Jerusalem to Irian Jaya A Biographical History of Christian Missions. Grand
Rapids, Michigan: Zondervan, 1983]. – Colaboração do Rev. Ulisses Horta Simões.
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