quarta-feira, 1 de junho de 2016

Um Pouco mais Sobre Dízimos

Um Pouco mais Sobre Dízimos

Malaquias denuncia alguns pecados graves quanto ao dízimo que estavam sendo cometidos pelo povo:
                O primeiro pecado é reter o dízimo. “Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas” (3:8). Joyce Baldwin diz que o verbo “roubar”, “qaba”, é raro no Antigo Testamento, mas bem conhecido na literatura talmúdica como “tomar à força”. O povo estava roubando a Deus: 1) trazendo ofertas indignas (1:13); 2) oprimindo os pobres (3:5); 3) retendo os dízimos (3:8). A palavra roubar, portanto, significa tomar à força, ou seja, é uma espécie de assalto intencional, planejado e ostensivo. A única vez que esse verbo aparece novamente é em Provérbios 22:23 para descrever o despojamento do pobre. Reter o dízimo santo ao Senhor é uma insensatez, pois ninguém pode roubar a Deus impunemente.
                Tentar defraudar a Deus é defraudar a si mesmo, pois tudo que temos pertence a Deus: nossa vida, família e bens. Uma águia, buscando alimento para os filhos, arrancou com suas fortes garras a carne do altar do sacrifício. Voou para o ninho dos seus filhotes com o cardápio do dia, mas havia ainda na carne uma brasa acesa e esta incendiou o ninho dos seus filhotes, provocando um desastrado acidente. Não é seguro retermos o que é de Deus para o nosso sustento. Deus é o criador, provedor e protetor, por isso devemos depender Dele mais do que dos nossos próprios recursos. Nossa confiança precisa estar no provedor, mais do que na provisão. Nenhum homem jamais perdeu alguma coisa por servir a Deus de todo o coração, ou ganhou qualquer coisa, servindo a Ele com o coração dividido, diz Thomas V. Moore. Diante da sonegação dos dízimos, o Senhor lembra aos judeus que estavam, na realidade, roubando a si próprios, pois o resultado de tal atitude era o fracasso das colheitas.
                Dionísio Pape afirma que quem rouba a Deus não é capaz de amá-Lo. Na verdade, sonegar o dízimo é atuar com dolo e esta é uma maneira estranha de exprimir gratidão a Deus, diz Herbert Wolf. Reter o dízimo é colocar o salário num saco furado, diz o profeta Ageu (Ag 1:6). Jamais uma pessoa prosperará retendo o dízimo de Deus, pois a Bíblia diz que reter mais do que é justo é pura perda (Pv 11:24). Reter o dízimo é uma clara demonstração de amor ao dinheiro, e a Bíblia diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1 Tm 6:10). Reter o dízimo é desconfiar da providência divina, é um ato de incredulidade e infidelidade Àquele que nos dá a vida, a saúde, o sustento e a própria vida eterna. Reter o dízimo é roubar a Deus de forma ostensiva e abusiva. Reter o dízimo é desamparar a casa de Deus (Dt 26:14). Thomas V. Moore diz que se nós quisermos ter os tesouros de Deus abertos, devemos abrir os nossos próprios tesouros (3:10,11). Corações inteiros e mãos abertas abrem sobre nós as janelas dos céus e disponibilizam para nós os inesgotáveis recursos de Deus.
                Malaquias fala não apenas do dízimo, mas também das ofertas. Eram as partes dos sacrifícios separados para os sacerdotes (Êx 29:27,28; Lv 7:32; Nm 5:9). Elas tinham também uma finalidade especial (Êx 25:2–7). Quando ninguém trazia ofertas, os levitas não tinham outra opção senão desistir do seu ministério e ganhar o seu sustento na agricultura, diz Baldwin.
                O segundo pecado é subtrair o dízimo. A Bíblia ordena: “Trazei TODOS os dízimos” (3:10). O dízimo é integral. Muitas pessoas pensam que podem enganar a Deus quando estão preenchendo o cheque do dízimo. Elas colocam um valor muito inferior ao que representa os 10% estabelecidos pelo Senhor. Pelo fato de enganarem a igreja, pensam que também enganam o Senhor da Igreja. Isso é um terrível engano. Deus não precisa de dinheiro, pois Dele é o ouro e a prata (Ag 2:8). Deus não precisava da árvore da ciência do bem e do mal no Jardim do Éden. Deus queria a fidelidade de Adão. Deus não precisava do sacrifício de Isaque, Ele queria a obediência de Abraão. Assim, também, Deus não precisa de dinheiro. Ele requer a fidelidade do Seu povo. Deus viu Ananias e Safira escondendo parte da oferta e os puniu por isso. Podemos nós enganar Àquele que tudo vê? O dízimo é sustento da Casa de Deus. Os levitas e os sacerdotes viviam dos dízimos. Os pobres eram amparados com os dízimos (Dt 14:28). Devemos trazer todos os dízimos à casa do Tesouro.
                O terceiro pecado é administrar o dízimo. A Bíblia ensina: “Trazei todos os dízimos à CASA DO TESOURO” (3:10). Não temos o direito de mudar uma ordem do Senhor (Dt 12:11). Não podemos fazer o que bem entendemos com o que é de Deus. Não somos chamados a administrar o dízimo nem sermos juízes dele, mas a devolvê-lo ao seu legítimo dono. Deus mesmo já estabeleceu em Sua Palavra que o dízimo deve ser entregue em Sua Casa. Há pessoas que repartem o dízimo para várias causas: enviam 2% à uma igreja necessitada; remetem 3% para uma obra social; ajudam um missionário com mais 2% e depois, entregam 3% à igreja, onde frequentam. Essa prática está errada. Não temos o direito de administrar o dízimo. Há pessoas, ainda, que frequentam uma igreja e entregam todo o dízimo em outra. Isso é o mesmo que jantar num restaurante e pagar a conta em outro. Se quisermos ajudar uma causa, devemos fazê-lo com o que nos pertence e não com o dízimo do Senhor. Este deve ser trazido integralmente à casa do Tesouro. A casa do Tesouro era uma expressão que designava os celeiros ou armazéns, a tesouraria do templo, amplos salões em que se colocavam os dízimos (1 Rs 7:51).107
                O quarto pecado é subestimar o dízimo. Eles perguntavam: “Em que te roubamos?” (3:8). Eles pensavam que o dízimo era um assunto sem importância. Eles sonegavam o dízimo e julgavam que essa prática não os afetava espiritualmente. A nossa negligência e a dureza do nosso coração em reconhecermos o nosso pecado não atenuam a nossa situação. O que pensamos sobre uma situação não a altera aos olhos de Deus. A verdade de Deus é imutável, e isso não depende do que venhamos a pensar sobre ela. A geração de Malaquias não apenas sonegava o dízimo, mas não sentia por isso nenhuma culpa. Eles pecaram e ainda justificaram o seu pecado.


Lopes, H. D. (2006). Comentários Expositivos Hagnos: Malaquias—A Igreja no tribunal de Deus; São Paulo: Editora Hagnos.

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