O
casal Felipe e Luciana volta da Lua de Mel todo entusiasmado para começar sua
nova vida e chega em casa: “Surpresa!”. Os pais da noiva tocam a campainha
trazendo a primeira compra de supermercado. Os recém-casados agradecem e meio
constrangidos, convidam-nos para comerem uma pizza. Toca a campainha novamente:
“Surpresa!”. Chegam os pais do noivo. E que coincidência, também trazem uma
compra de supermercado! Claro, também são convidados para a pizza.
Algumas
pessoas podem olhar para esta cena e não perceberem nada demais. Outros podem
considerar inconveniente a atitude destes pais. Cada família vive um contexto.
Mas, no caso deste casal, estes sogros, eram bem protetores e tratavam seus
filhos como se eles ainda fossem solteiros. Não deixavam que assumissem a
responsabilidade de uma vida conjugal.
Alguns
filhos e pais passam por dificuldades no momento de cortar o “cordão umbilical
emocional”. Isto devido à ligação extremamente forte entre pais e filhos. Ao longo dos anos na convivência entre eles,
por vários fatores, não houve uma autonomia gradual e sucessiva, que precisava
ter acontecido a cada etapa do desenvolvimento infantil e na adolescência. Ao
chegar a vida adulta, essa transição de saída da casa dos pais, para iniciar
uma nova família, fica bem difícil e causa sofrimento a ambas as partes.
É
necessário entender que ninguém está abandonando um ao outro. Os pais
continuarão a serem pais. Os filhos continuarão a serem filhos. Mas os papéis e
funções serão diferentes. Antes de se casar a dedicação dos filhos é aos pais.
Depois do casamento, esse filho passa a dedicar-se ao cônjuge.
Encontramos
na Bíblia uma grande ênfase neste principio, em Gn 2. 24 e Ef 5. 31 - “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe,
se unirá a sua mulher e eles se tornarão uma só carne”. Uma coisa sempre me
intrigou: porque será que nesse texto, a recomendação de deixar pai e mãe é
utilizada a palavra “homem”? Será que é porque é mais difícil para o filho
separar-se da sua mãe? Eis a questão! Só para reforçar: o princípio de deixar
pai e mãe é para os dois cônjuges!
Honrar, Sempre!
Aos
filhos, mesmo depois de casados, precisam continuar a honrar aos seus pais.
Nisto a Bíblia também é muito clara. Desde os Dez Mandamentos (Ex 20. 12 cf. Dt
5. 16) até no Novo Testamento em Ef 6. 2-3, “Honra
teu pai e a tua mãe- este é o primeiro mandamento com promessa- para que tudo
corra bem e tenhas longa vida sobre a
terra”. Existem maneiras bem práticas que o casal pode honrar seus pais:
fazendo visitas periódicas, convidando-os para um almoço ou jantar em sua casa,
dar um telefonema para ter notícias, acompanhar a um médico. Enfim, ficar
atento às suas necessidades, conforme a idade vai chegando.
A boa convivência entre o casal e os sogros.
Apesar
de existirem muitas piadas e brincadeiras sobre sogras, é possível ter uma
convivência harmoniosa com os sogros. Eu fui muito abençoada nesta questão. A
minha sogra D. Genny Boanaiuti Leoto, me acolheu como uma filha. Eu sou do
interior, vim estudar na capital paulista aos 18 anos, quando comecei a namorar
o Sergio Leoto, meu marido. Aos finais
de semana convivíamos juntos, na mesma igreja, nos almoços de família, etc.
Enquanto meus sogros ainda eram vivos, pudemos aprender muito com o exemplo de
vida deles e sua fidelidade a Deus.
A
Bíblia comprova que entre sogra e nora, cujo relacionamento é retratado pelo
senso comum, como um dos mais conflitantes, é possível existir harmonia. Rute e
Noemi são os maiores exemplos de uma relação de amor e honra entre sogra e
nora. No livro de Rute, está narrada
esta maravilhosa história. Elimeleque, marido de Noemi, morreu e mais tarde
seus dois filhos. Ficaram viúvas a sogra Noemí e suas duas noras, Orfa e Rute.
A primeira decide voltar para a terra de seus pais. Mas Rute prefere ficar com
a sogra e faz a maior declaração de cumplicidade, citada em muitos casamentos: "... porque onde quer que tu fores irei
eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu
Deus é o meu Deus" (Rute 1:16). Noemi queria o melhor para Rute e Rute
queria o melhor para a sua sogra. A história segue e o plano divino continua.
Essas duas mulheres fazem parte da genealogia de Jesus, pois Rute gerou Jessé,
que foi pai do Rei Davi, do qual Cristo tem sua raiz. Deus honrou o coração de
serva de Rute em sua dedicação à sua sogra e a fidelidade que ambas tiveram
para com Ele.
Uma boa convivência é possível!
Genros,
noras, sogros e sogras: é possível viver bem e de maneira saudável. Mas é
necessário considerar algumas regras básicas para uma boa convivência:
Aos sogros:
-
Deem conselhos quando os filhos pedirem. Caso queiram compartilhar uma ideia,
mesmo que eles não peçam, façam como uma sugestão e não deixe soar como uma
ordem ou imposição. Usem palavras como: “Posso dar uma sugestão...”.
-
Ao dar um presente, avise antes a sua intenção e se possível dê alternativas de
escolha, como cor, marca, tamanho, etc.
-
Dê o presente, sem esperar nada em troca. Cuidado com a manipulação e controle:
“Vamos dar um apartamento para vocês, mas queremos que…”.
-
Alguns pais oferecem uma ajuda mensal financeira ao casal. Isso estimula a
viver um padrão que não podem sustentar e também não contribui para que se
tornem independentes, tanto financeiramente como emocionalmente.
-
Respeite a liberdade de o casal tomar as decisões por conta própria.
Aos filhos:
-
Não deixem de visitar seus pais, convidá-los para estar em sua casa, levá-los a
passeios e atender às necessidades emergenciais, conforme a idade for chegando.
-
Não abusem da boa vontade dos sogros. Eles também precisam de privacidade.
Requisitá-los a todo o momento, não sair de suas casas, estar sempre lá para
almoçar ou jantar, deixar os filhos para eles cuidarem, sem pedir licença, é
falta de respeito.
-
Quando precisar dar uma resposta negativa a um dos sogros, que seja o próprio
filho que dê a informação. Uma sogra detesta ouvir um “não” da nora!
Por
exemplo: a sogra liga convidando para ir jantar aquela noite em sua casa, pois
fez o prato predileto do filho: dobradinha! A nora atende ao telefone. Ela
detesta dobradinha e não quer ir jantar na sogra neste dia. Pois justamente
hoje, ela se inspirou e fez a panqueca que ele tanto gosta. E agora? Ela
cumprimenta a sogra, ouve atentamente o convite e passa o telefone para o
marido dizer para a mãe que infelizmente, hoje será impossível irem jantar em
sua casa. Mas promete ir amanhã. Ou já deixa marcado o dia em que poderão
comparecer, para comer o delicioso prato que ela preparou.
Dá
para escrever um tratado de como conviver bem na grande família. Afinal, não
tem saída, quando se casa, o fazemos com toda a família. É preciso aprender a
lidar com o cônjuge, mas o fato é que também é importante saber conviver com os
outros membros da família. Um relacionamento ruim com os demais torna a vida do
casal um inferno e traz muitos problemas para todos.
Muitos
divórcios são causados por falta de sabedoria no tratamento dos familiares como
sogros, cunhados, genros e noras e demais. A Bíblia nos exorta a mantermos a
paz e em Romanos 12. 17,18, Paulo diz que é preciso esforço e disposição para
isso. Se cada um fizer a sua parte, já será um bom começo para que se construir
uma relação saudável entre todos!
(Artigo
feito a pedido da revista “Lar Cristão”, pela Psi. Magali Leoto)
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