sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
David Brainerd (1718-1747)
David
Brainerd (1718-1747)
David Brainerd nasceu a 20 de
abril de 1718, no estado de Connecticut, nos Estados Unidos da América. Seu pai
se chamava Ezequias Brainerd, um advogado, e sua mãe, Dorothy Hobart, era filha
do Pr. Jeremias Hobart. David foi o terceiro filho, de um total de cinco filhos
e quatro filhas. Foi um menino de saúde muito frágil, que acabou sendo privado
de uma vida social mais dinâmica com outros garotos de sua idade. Sempre teve
uma natureza sóbria, e um espírito reservado. Em sua infância, embora
preocupado com o destino de sua alma, não sabia o que era conversão. Seu pai
morreu quando ele estava com apenas nove anos, e aos catorze anos ele perdeu
também sua mãe. Tornou-se ainda mais tristonho e melancólico, e os valores
religiosos que recebeu na infância começaram a declinar em sua juventude.
Entretanto, como fruto da obra
proveniente da graça divina, Brainerd afastou-se de algumas companhias
indesejáveis, e começou a dedicar tempo à oração individual. Começou a ler mais
a Bíblia e formou com outros jovens um grupo para encontros dominicais. Começou
a dedicar bastante atenção às pregações, e procurava aplicá-las à sua vida.
Ainda assim, ele não conhecia a Cristo pessoalmente. Tornou-se ainda mais
zeloso no terreno da religiosidade, e sentiu a convicção e o peso do pecado,
adquirindo o mais agudo senso do perigo e da ira de Deus. Contudo, suas
esperanças ainda não estavam depositadas na justiça de Cristo, mas em si mesmo.
Finalmente, o Espírito de Deus o conduziu à fé em Cristo, e ele passou a
experimentar o descanso de uma vida justificada, e a ação do poder de Deus em
uma Novidade de Vida. Tinha vinte e um anos.
Dois meses depois de sua
conversão, Brainerd ingressou na Universidade de Yale. Mesmo num contexto de
algumas pressões, ele dedicou bom tempo à comunhão a sós com Deus. As
enfermidades, muitas vezes, atrapalhavam seus estudos. Num momento
particularmente difícil, ele contraiu tuberculose e expelia sangue pela boca.
Ainda assim, ele trabalhou intensamente e obteve distinção como estudante.
Porém, quando estava em seu terceiro ano de universidade, teve de deixar a
escola devido a uma circunstância bastante delicada. Isso significou um grande
desapontamento para ele, pois, mais tarde, no dia em que os outros colavam
grau, Brainerd escreveu em seu diário: “Neste dia eu deveria receber meu
diploma, mas Deus achou conveniente negar-me isso”.
Foi justamente nesse período que
se acentuaram suas preocupações com as almas perdidas. Ele começou a pensar
profundamente sobre as pessoas que nunca tinham ouvido falar de Cristo.
Chamou-lhe particular atenção a triste condição dos índios norte-americanos.
Não havia muitos missionários trabalhando entre eles. Brainerd começou a
colocar em prática o seu amor pelos índios, obtendo maiores informações sobre
sua realidade e orando frequentemente por eles. O desejo de levar o Evangelho
aos índios foi crescendo em seu coração.
A ocasião surgiu em que Brainerd
pôde apresentar-se como missionário aos índios. Sua saúde precária era um fator
de preocupação, tendo em vista as condições inóspitas e difíceis que
enfrentaria. Seus amigos lhe diziam: “Se Deus quer que você vá, Ele lhe dará
forças”. Quando tinha vinte e quatro anos, ele escreveu em seu diário: “Quero
esgotar minha vida neste serviço, para a glória de Deus”. No ano seguinte,
começou a dedicar sua vida pregando aos índios nas florestas solitárias e
frias. Vendeu seus livros e roupas que não usaria, e começou a vida bastante
isolada e marcada por uma trajetória de autossacrifício e sofrimento. Mas Deus
o abençoou ricamente. Como um “grão de trigo que morre ao cair na terra”,
Brainerd não ficou só; a morte deste “grão de trigo” produziu muito fruto -
tendo tido o privilégio de visitar alguns lugares relacionados à vida de
Brainerd, inclusive o local em que ele primeiramente pregou aos índios, fiquei
pessoalmente impressionado com o seu caráter e renúncia, fruto da poderosa
graça de Deus em sua vida. Frequentemente, Brainerd ficou exposto ao frio e à
fome. Não podia ter o conforto da vida normal. Viajava a pé ou cavalgando por
longas distâncias, dia e noite. As viagens eram sempre perigosas. Para atingir
algumas tribos distantes, devia passar por montanhas íngremes na escuridão da
noite. Atravessou pântanos perigosos, rios de forte correnteza, ou florestas
infestadas de animais selvagens. Tinha de viajar quinze a vinte e cinco
quilômetros para comprar pão, e, às vezes, antes de comê-lo, o pão estava azedo
ou mofado. Dormia sobre um monte de palha que estendia sobre tábuas erguidas um
pouco acima do chão. Em muitos momentos estava só, e ficava feliz quando podia
contar com seu intérprete para conversar. Não tinha companheiros cristãos com
quem pudesse dividir o fardo em momentos de comunhão e oração. “Não tenho
nenhum conforto, a não ser o que me vem de Deus”, escreveu ele.
Seu ministério tornou-se bem
amplo, alcançando índios nos estados norte-americanos de Nova Iorque, Nova
Jersey, e ao leste da Pensilvânia. Havendo encontrado os índios em meio a
muitas superstições, e recebendo muitas vezes os efeitos da fúria de seus
sacerdotes, Brainerd pôde declarar o poder de Deus acima de todos os deuses.
Apesar de todas as dificuldades, era movido por um intenso desejo de contemplar
a salvação dos índios. Com isto em vista, aliou, por muitas vezes, o jejum à
oração. “Não importa onde ou como vivi, ou por que dificuldades passei,
contanto que tenha, desta maneira, conquistado almas para Cristo”, escreveu
ele. Boa parte de seu trabalho era feito em lutas físicas, especialmente tendo
em vista sua saúde sempre precária, e, como escreveu Edwards, “sua própria
constituição e temperamento natural, muito inclinado para a melancolia” – e
sobre isto, acrescenta Edwards, “ele excedeu a todas as pessoas melancólicas
que conheci”.
O fato é que Deus honrou
sobremaneira o ministério de Brainerd. O Espírito de Deus desceu poderosamente
sobre os índios, num grande avivamento que afetou tribos inteiras. Por volta de
1745, mesmo os índios que viviam de forma impiedosa, opondo-se à pregação do
Evangelho, se convenceram do pecado. Vários se converteram. Muitos brancos, que
apareciam por curiosidade para ouvir o que Brainerd dizia aos índios, também
foram convertidos. Índios de toda floresta ouviram falar de Brainerd e vinham
em grande número ouvi-lo. Era muito comum ouvir os altos brados dos índios pela
misericórdia de Deus, toda vez que Brainerd pregava. Seu ministério influenciou
também as crianças índias. Ele criou escolas em que elas eram ensinadas a
lavrar a terra e a semear, além de receberem os ensinos do Evangelho de Cristo.
Ao escolher o trabalho nas
florestas úmidas, Brainerd sabia que não poderia esperar viver muito. Ele
assistiu seu corpo definhar, pouco a pouco. Aos vinte e nove anos, foi colocado
em seu leito de morte, sofrendo terrível agonia e dor física. Testemunhou de
Cristo em seus momentos finais, e anelava por encontrar-se com o Senhor. Ele
faleceu em 09 de outubro de 1747, tendo sido sepultado em Northampton,
Massachusetts. Jonathan Edwards conduziu o funeral. Foi uma vida curta, mas que
glorificou a Deus grandemente.
Edwards, que o conheceu muito
bem, podia dizer de Brainerd: (...) dotado de um gênio penetrante, de
pensamento claro, de raciocínio lógico e de julgamento muito exato, como era
patente para todos que o conheciam. Possuidor de grande discernimento da
natureza humana, perscrutador e judicioso em geral, ele também sobressaía em
juízo e conhecimento teológico, e, sobretudo, na religião experimental.
Num artigo em 2001, eu escrevi: David
Brainerd é um exemplo de alguém que resolveu colocar sua vida no altar (...) As
privações, o trabalho incansável, as intempéries consumiram o seu vigor. Uma
prolongada enfermidade ceifou sua vida. Devido à sua fragilidade física e aos
rigores do campo missionário, ele contraiu tuberculose. Brainerd calculou o
preço do seguir a Cristo e deliberadamente fez uma escolha que significava
separar-se do mundo civilizado, com suas vantagens, e associar-se à dureza, ao
trabalho e, possivelmente, a uma morte prematura e solitária. Entretanto,
homens como William Carey, Henry Martyn, Robert Mürray McCheyne, John Wesley,
Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Oswald Smith, Jim Elliot, citando apenas
alguns, testemunharam a grande influência da biografia de Brainerd em suas
vidas. Um biógrafo de Brainerd diz que ele “foi como uma vela que, na medida em
que se consumia, transmitia luz àqueles que estavam em trevas”.
Algo muito importante que
Brainerd fez foi escrever um diário, no qual registrou as experiências que lhe
surgiram. Neste diário, editado por Jonathan Edwards, Brainerd faz uma breve
explanação de sua infância e juventude, e começa a narrar-nos os fatos,
escrevendo periodicamente a partir de 18 de outubro de 1840. Ainda que Brainerd
tenha lutado quase que “invencivelmente” contra a publicação de qualquer porção
de seu diário, este, publicado depois de sua morte, tem sido um instrumento de
Deus para influenciar a vida de muitas pessoas. O Diário de David Brainerd foi
publicado em português pela Editora FIEL, em 1993.
Frases de David Brainerd
“Deus tornou-se tão precioso para mim que o
mundo, com todos os seus prazeres, tornou-se infinitamente vil”.
“Se tivesse mil vidas, minha alma
jubilosamente as teria oferecido todas de uma vez, para estar com Cristo”.
"Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim
até os confins da terra; envia-me aos selvagens do ermo; envia-me para longe de
tudo que se chama conforto da terra; envia-me mesmo para a morte, se for no teu
serviço e para promover o teu reino”...
“Adeus, amigos e confortos terrestres, mesmo
os mais anelados de todos. Se o Senhor quiser, gastarei a minha vida, até os
últimos momentos, em cavernas e covas da terra, se isso servir para o progresso
do reino de Cristo"
SUBINDO NO ÔNIBUS
Um dia um homem já de certa idade abordou um ônibus. Enquanto subia, um de seus sapatos escorregou para o lado de fora... A porta se fechou e o ônibus saiu; então ficou incapaz de recuperá-lo. O homem terminou de subir a escada, calçando um só sapato, procurou a primeira janela aberta, retirou seu outro sapato e jogou-o pela janela.
Um rapaz no ônibus, vendo o que aconteceu,
perguntou:
-“Notei o que o senhor fez. Por que jogou fora seu outro sapato”?
O homem prontamente respondeu:
-
“Para que quem
os encontrar seja capaz de usá-los. Provavelmente apenas alguém necessitado dará importância a um par de
sapatos usados encontrados na rua. E de nada lhe adiantará apenas um pé de
sapato”.
O homem mostrou ao jovem que não vale a pena
agarrar-se a algo simplesmente por possuí-lo e nem porque você não deseja que
outro o tenha. Perdemos coisas o tempo todo. A perda pode nos parecer penosa e
injusta inicialmente, mas a perda só acontece para que mudanças, na maioria das
vezes positivas, possam ocorrer em nossa vida.
Como o homem da história, nós temos que aprender
a nos desprender. Deus decidiu que era hora daquele homem perder seu sapato. Talvez isto
tenha acontecido para iniciar uma série de outros acontecimentos bem melhores
para o homem do que aquele par de sapatos poderia proporcionar. Talvez uma nova
e forte amizade com o rapaz no ônibus. Talvez aquele rapaz precisasse
presenciar aquele acontecimento para adotar uma ação semelhante. Talvez a
pessoa que encontrou os sapatos tenha, a partir daí, uma forma de proteger os
pés. Seja qual for a razão, não podemos evitar perder coisas. O homem sabia
disto. Um de seus sapatos tinha saído de seu alcance. O sapato restante não
mais lhe ajudaria, mas seria um ótimo presente para uma pessoa desabrigada,
precisando desesperadamente de proteção do chão. Acumular posses não nos faz
melhores e nem faz o mundo melhor. Todos temos que decidir constantemente se
algumas coisas devem manter seu curso em nossa vida ou se estariam melhor com
os outros.
O que os Outros Dizem de Você?
Por
Jonathan Edwards
Considere o que outros podem
dizer sobre você. Embora as pessoas estejam cegas quando às suas próprias
faltas, facilmente descobrem os erros dos outros — e consideram-se aptas o
suficientes para falar deles. Algumas vezes, as pessoas vivem de maneiras que
absolutamente não são adequadas, porém estão cegas para si mesmas. Não veem
seus próprios fracassos, embora os erros dos outros lhes sejam perfeitamente
claros e evidentes. Elas mesmos não veem suas falhas; quanto às dos outros, não
podem fechar os olhos ou evitar ver em que falharam.
Alguns, por exemplo, são
inconscientemente muito orgulhosos. Mas o problema aparece notório aos outros.
Alguns são muito mundanos ainda que não sejam conscientes disso. Alguns são
maliciosos e invejosos. Os outros veem isso, e para eles lhes parecem
verdadeiramente dignos de ódio. Porém, aqueles que têm esses problemas não
refletem sobre eles. Não há verdade no seu coração e nem nos seus olhos em tais
casos. Assim devemos ouvir o que os outros dizem de nós, observar sobre o que
eles nos acusam, atentar para que erro encontram em nós, e com diligência
verificar se há algum fundamento nisso.
Se outros nos acusam de
orgulhosos, mundanos, maus ou maliciosos — ou nos acusam de qualquer outra
condição ou prática maldosa — deveríamos honestamente nos questionar se isso é
verdade. A acusação pode nos parecer completamente infundada, e podemos pensar
que os motivos ou o espírito do acusador está errado. Porém, a pessoa perspicaz
verá isso como uma ocasião para um autoexame.
Deveríamos especialmente ouvir o
que os nossos amigos dizem para nós e sobre nós. É imprudente, bem como
nãocristão, tomar isso como ofensa e se ressentir quando os outros apontam
nossas falhas. "Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos
de quem odeia são enganosos" (Pv 27.6). Deveríamos nos alegrar que nossas
máculas foram identificadas.
Mas, também deveríamos atentar
para as coisas sobre as quais os nossos inimigos nos acusam. Se eles nos
difamam e nos insultam descaradamente — até mesmo com uma atitude incorreta —
deveríamos considerar isso como um motivo para uma reflexão no íntimo, e nos
perguntar se há alguma verdade no que está sendo dito. Mesmo se o que for dito
é revelado de modo reprovável e injurioso, ainda pode ser que haja alguma
verdade nisso. Quando as pessoas criticam outras, mesmo se seus motivos forem
errados, provavelmente têm como alvo verdadeiros erros. Na verdade, nossos
inimigos provavelmente nos atacam onde somos mais fracos e mais defeituosos; e
onde demos mais abertura para a crítica. Tendem a nos atacar onde menos podemos
nos defender. Aqueles que nos insultam — embora o façam com um espírito e modos
nãocristãos — geralmente identificarão as genuínas áreas onde mais podemos ser achados
culpados.
Assim, quando ouvirmos outros
falando de nós nas nossas costas, não importa o espírito de crítica, a resposta
certa é a autorreflexão e uma avaliação quanto à verdade da culpa em relação
aos erros de que nos acusam. Com certeza essa resposta é mais piedosa do que
ficar furioso, revidar ou desprezá-los por terem falado maldosamente. Desse
modo talvez tiremos o bem do mal, e esta é a maneira mais certa de derrotar o
plano dos nossos inimigos, que nos injuriam e caluniam. Eles fazem isso com
motivação errada, querendo nos injuriar. Mas, dessa maneira converteremos isso
em nosso próprio favor.
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